sábado, 18 de abril de 2020

Theatro Municipal de São Paulo

Theatro Municipal de São Paulo










Theatro Municipal de São Paulo é um dos mais importantes teatros do Brasil  e um dos cartões postais da cidade de São Paulo.  Localizado no centro da cidade, na Praça Ramos de Azevedo,  foi inaugurado em 1911 para atender ao desejo da elite paulista da época, que queria que a cidade estivesse à altura dos grandes centros culturais.
Seu estilo arquitetônico é semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo e foi inspirado na  Ópera de Paris.  O edifício faz parte do Patrimônio Histórico do estado desde 1981 quando foi tombado pelo  Condephaat.  Além de sua importância arquitetônica, o teatro também possui notabilidade histórica, pois foi palco da  Semana de Arte Moderna,  o marco inicial do Modernismo  no Brasil.
É considerado um dos palcos de maior respeito do Brasil e apresenta uma das maiores e melhores produções líricas do país.
Desde 2011 o Theatro Municipal passou a ter mais autonomia administrativa e artística da Secretaria Municipal de Cultura, sendo administrado então pela Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
 No ano seguinte passou a contar com um anexo: a Praça das Artes,  um conjunto arquitetônico que abriga seus corpos artísticos e funciona como uma extensão de suas atividades, sendo sede também da Sala do Conservatório, da Escola de Dança de São Paulo e da Escola Municipal de Música de São Paulo.






História

Idealização, construção e inauguração



O gosto pela música erudita já havia sido formado por influência da Corte, tendo grande impulso durante reinado do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina.  Vários teatros foram construídos ao longo da costa brasileira e interior do Brasil. Na cidade de São Paulo, pequenos teatros cumpriam a tarefa da recepção de companhias internacionais que se apresentavam em teatros como o  Teatro Provisório Nacional, Teatro Politeama, Teatro Minerva e Teatro Apolo,  assim como o melhor deles, o  Theatro São José. 





Iniciou-se no ano de 1895 as discussões sobre a construção de um teatro especificamente para ópera com um projeto enviado para a Câmara Municipal  que tramitou sem sucesso. Em 1898, após o Theatro São José  ser destruído por um incêndio, a Câmara Municipal lançou incentivo para o empreendimento da construção de um novo teatro, mediante a isenção de impostos. O empreendimento seria efetuado quando a concessão para isenção de impostos é estabelecida em 50 anos. O Escritório Técnico de  Ramos de Azevedo,  apresenta a proposta de construção. Outra proposta já havia sido apresentada por  Cláudio Rossi  ao primeiro prefeito Antonio Prado  que fez a aproximação entre o escritório de Ramos de Azevedo.







O local escolhido para a construção foi o Morro do Chá, que já abrigava o Teatro São José. Com o projeto de Cláudio Rossi,  desenhos de  Domiziano Rossi  e construção pelo Escritório Técnico de  amos de Azevedo,  as obras foram iniciadas em 26 de junho de 1903  e finalizadas em 1911. O estilo arquitetônico da obra é o eclético,  em voga na Europa desde a segunda metade do  século XIX,   sendo o último o estilo da época. O teatro é estruturado em quatro corpos: a fachada, composta pelo vestíbulo, o salão de entrada e a escadaria nobre; o central, no qual encontra-se a sala de espetáculos; o palco; e, por fim, o ambiente onde estão localizados os camarins.

A inauguração estava marcada para o dia 11 de setembro, mas devido ao atraso na chegada dos  cenários  da companhia Titta Ruffo  em São Paulo, pois vinham de turnê pela  Argentina,  foi adiada para 12 de setembro. Houve uma grande aglomeração de pessoas no entorno do edifício. Cerca de 20 mil cidadãos vieram admirar a iluminação com energia elétrica  vinda do interior e do entorno do Theatro Municipal, algo que era atípico na época.
Além da inauguração, a noite de 12 de Setembro de 1911 foi cenário do primeiro trânsito da cidade de São Paulo. O espetáculo foi iniciado com a abettura da ópera  II Guarany, de Carlos Gomes,  devido à pressão da crítica paulistana. Seguiu-se depois a encenação da ópera Hamlet, de Ambroiesa Thomas, com o barítono Titta Ruffo  no papel principal. A companhia apresentou outras óperas durante a primeira temporada.

Os primeiros anos


No período de 1912 a 1926, o teatro apresentou 88 óperas de 41 compositores, sendo dezessete italianos, dez franceses, oito brasileiros, quatro alemães e dois russos, totalizando 270 espetáculos. Mas o fato mais marcante do teatro no período e talvez em toda a sua existência foi um evento que assustaria e indignaria grande parte dos paulistanos na época: a  Semana de Arte Moderna  de 1922.






      Semana de Arte Moderna

De 11 a 18 de fevereiro, o Theatro Municipal sediou um evento  modernista que veio a ser conhecido como a Semana de Arte Moderna.  Durante os sete dias de evento, ocorreu uma exposição modernista e nas noites dos dias 13, 15 e 17 de fevereiro aconteceram apresentações de  música, poesia  e palestras sobre a  modernidade  no país e no mundo.





O Modernismo  pregava a ruptura de todo e qualquer valor artístico que existira até o momento, propondo uma abordagem totalmente nova  à pintura, à poesia, à literatura e aos outros tipos de  arte. A Semana de Arte Moderna  contou com nomes já consagrados, como  Graça Aranha  e outros, que se tornariam futuros grandes expoentes do modernismo brasileiro. Participaram do movimento Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, Di Cavalcanti, Cavalcanto, Victor Brecheret, Heitor Villa-Lobos,  entre outros.  Tarsila do Amaral  não participou da Semana, pois se encontrava na Europa na ocasião e teve conhecimento do evento por meio de cartas, sobretudo de Anita Malfatti, amiga que a apresentaria, em meados de 1922, a Menotti, Mário e Oswald. Essas cinco personalidades passaram a se frequentar e se reunir a partir de então, passando a se autodenominar como o Grupo dos Cinco,  em que informações sobre a arte moderna eram trocadas, vivenciadas e praticadas.

Meados do século XX



Com o passar dos anos, o teatro, que havia sido feito exclusivamente para a ópera, mostrou-se capaz de abrigar outros eventos artísticos, como, além da  Seana de Arte Moderna,  performances de bailarinas como  Anna Pavlova e Isadora Duncan, 

Nas décadas seguintes, houve uma queda de público e a opulência do teatro foi desaparecendo devido a outras construções nos arredores que acompanhavam o crescimento de São Paulo, como, por exemplo, o  Edifício Altino Arantes. 

Entre 1952 e 1955 acontece a primeira grande reforma do edifício durante a gestão do prefeito  Jânio Quadros.  Esta reforma teve por objetivo a entrega do teatro para as comemorações do Quarto Centenário da cidade de São Paulo,  mas por atraso nas obras, a reinauguração só aconteceu em 1955. A sala de espetáculos teve suas ordens demolidas e reconstruídas. Foram retirados os camarotes de proscênio para dar lugar ao orgão G. Tamburini.  Os ornamentos e mobiliários foram refeitos pelo Liceu de Artes e Ofícios.  O vermelho tornou-se a cor oficial da sala, bem como da tapeçaria e estofamento das poltronas e cadeiras. Houve ainda a instalação de elevadores e sistema de ar condicionado.

Quanto mais os anos passavam, apesar de ainda gozar de grande respeito, o Theatro Municipal, foi perdendo espaço como centro de cultura para a população, que passou por diversas transformações sociais e culturais durante todo o século. Assim, as apresentações do teatro ficaram voltadas apenas para um público muito seleto.







Fim do século XX aos dias atuais




Na década de 1980, o teatro passou por uma segunda reforma, iniciada na gestão do prefeito  Jânio Quadros.  Essa teve como intuito modernizar os equipamentos e maquinários de palco e restaurar a fachada. Nesta reforma, buscou-se tamanha fidelidade que a fachada foi restaurada com arenito vindo da mesma mina que forneceu o material para a construção original do prédio no início do século. Além disso, a cor verde foi restituída a partir da prospecção realizada na parede interna que abriga o órgão, única a não ser alterada na reforma dos anos 50. Todo o estofamento, tapeçaria e pintura da sala passa ao verde. A reforma foi concluída em 1991 já sob a gestão de Luisa Erundina. 

Ao se aproximar de seu centenário, novas obras de restauração foram iniciadas no edifício em 2008. Foi a terceira e mais complexa reforma do edifício, onde foi refeita toda a parte de sonorização, acústica, mecânica cênica e tratamento acústico do fosso da orquestra. Foi restaurado,também, o palco, pinturas antigas e mais de 14 mil vitrais. Além disso, deixando o verde para trás com a intenção de tornar a aparência mais antiga, o vermelho tornou-se novamente a cor principal da sala de espetáculos, assim como a tapeçaria e os estofamentos das poltronas. A intenção da restauração foi de deixar o Theatro Municipal com a aparência do século passado, só que mais moderno por dentro. As obras foram concluídas em novembro de 2011






Neste mesmo ano o teatro deixou de fazer parte do departamento da Secretaria Municipal de Cultura e foi transformado em fundação de direito público através da Fundação Theatro Municipal,  passando a ser gerido pelo Instituto Brasileiro de Gestão Cultural em 2013. O objetivo de transferir a gestão para uma Organização Social  foi dar mais autonomia administrativa e financeira ao teatro, porém a iniciativa não foi tão bem sucedida e escândalos de corrupção surgiram em 2016 durante a gestão de  John Neschiling,  que foi afastado dos cargos de diretor artístico e regente titular.
Em março de 2017 a Justiça decidiu transferir a administração do Theatro Municipal de volta às mãos da Prefeitura de São Paulo. O descumprimento da ordem, com prazo de 90 dias para o Instituto Brasileiro de Gestão Cultural abandonasse as atividades, acarretaria uma multa diária de R$10.000. A decisão foi tomada por conta das irregularidades na administração do teatro, que causaram prejuízos de cerca de R$ 15 milhões aos cofres públicos.
Em 2019,  Hugo Possolo,  assumiu o cargo de diretor artístico do Theatro Municipal, antes ocupado por Cleber Papa. Roberto Minczuk  é o atual regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.


Infraestrutura






As obras de restauração finalizadas em 2011 modernizaram o edifício do teatro e o palco foi equipado com modernos mecanismos cênicos. O problema de falta de salas de ensaio, estrutura e espaço físico nos bastidores foi parcialmente resolvido em 2012 com a inauguração da  Praça das Artes,  complexo cultural que passou a funcionar como um anexo do teatro e palco para diversos eventos culturais.

Na inauguração do primeiro módulo, a  Praça das Artes  passou a abrigar a  Escola Municipal de Música de São Paulo e a Escola de Dança de São Paulo. Além disso, o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo  ocupou a Sala do Conservatório que está localizada no andar superior do antigo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e a Orquestra Experimental de Repertório  passou a utilizar as dependências da escola de música para seus ensaios.



A segunda fase do conjunto arquitetônico, atualmente em obras, contempla a conclusão do edifício dos corpos artísticos. Após a finalização, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, o Coro Lírico Municipal de São Paulo, o Balé da Cidade de São Paulo e o Coral Paulistano Mário de Andrade serão abrigados neste edifício e contarão com melhor infraestrutura para seus ensaios. Nesta fase também serão inauguradas uma praça interna com abertura para a rua Formosa, um jardim e um bar externo. Embora a  Praça das Artes  não esteja conectada fisicamente ao Theatro Municipal, ela funciona como seu anexo e está localizada no quarteirão atrás do teatro. Há ainda um projeto de ampliação do conjunto arquitetônico, aumentando a área destinada à escola de dança e construção de um auditório e discoteca.


A estrutura física do teatro tem capacidade para atender 1523 pessoas, porém nem todos os seus assentos possuem visão completa para o palco. Em 28 de setembro de 2014 foi publicado pela  Folha de São Paulo  o resultado de uma avaliação feita pela equipe do jornal ao visitar os sessenta maiores teatros da cidade de São Paulo. O Theatro Municipal foi premiado com três estrelas, uma nota "regular", com o consenso: "Pontos positivos: compra on-line, serviços e instalações. Entretanto, o número de banheiros não é suficiente, e há lugares com visão muito prejudicada (no site, eles são indicados). Em uma das visitas, muita gente dos balcões laterais teve que assistir à apresentação em pé para conseguir enxergar o que se passava no palco. O espaçamento entre as fileiras e o conforto das poltronas são regulares. No ano seguinte, o teatro recebeu a mesma nota.