segunda-feira, 24 de agosto de 2020

São Paulo Futebol Club - Clubs da cidade de São Paulo

 


história do São Paulo Futebol Clube  começou a se desenhar em  1900,  quando o  Club Atlético Paulistano foi fundado. O Paulistano logo se destacou, tornando-se a grande potência do futebol paulista e brasileiro  no início do  século XX. O Paulistano se recusava a aderir ao iminente profissionalismo do futebol, e alguns dissidentes juntaram-se à  Associação Atlética das Palmeiras,  que possuía o melhor estádio da época, mas estava com muitas dívidas, para fundar o São Paulo.

A trajetória do São Paulo mostra como e por que o clube é o mais vitorioso do futebol brasileiro  com a maior quantidade de conquistas nos três principais torneios de futebol disputados por clubes brasileiros, o  Campeonato Brasileiro  (seis títulos), a  Coá Libertadores da América  (três títulos) e o Campeonato Mundial de Clubes (três títulos).













quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos







Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, localizada no  Largo do Paiçandu, n região  na região central da Cidade de  São Paulo,  foi construída gratuitamente por trabalhadores  negros  no início do século XX. Originalmente, era localizada na Praça Antônio Prado, onde  foi construída entre os anos de 1721 e 1722. Era um espaço de reunião de negros e escravos, que celebravam ritos católicos misturados com crenças de origem  banto.  Com o processo de urbanização iniciado pelo prefeito Antônio Prado, a antiga igreja foi demolida em 1903 e depois reconstruída onde se encontra atualmente. A nova igreja foi consagrada em  1906,  quando grande procissão, acompanhada por banda, trasladou as imagens do antigo templo.







História

A Irmandade dos homens pretos


As irmandades de homens pretos surgiram na América colonial no período escravocrata como forma de socialização, resistência e cooperação entre escravos e os alforriados. A figura da Mãe de Deus, representada pelo rosário, destacou-se fortemente nos cultos dessas irmandades por dois motivos: uma catequização dos escravos, quanto à importância da Virgem Maria, que vinha sendo feita pelos portugueses desde as Costas africanas; e pela adoção comunitária de um único santo (denominado patrono), que embasaria o culto, tipicamente banto, em torno de um ancestral comum.

A associação de irmandades, que no geral eram muito pobres e não contavam com posses territoriais, era muito comum, pois permitia que diferentes associações religiosas utilizassem o mesmo templo. Um exemplo é a Irmandade de Santa Ifigênia (uma princesa Núbia que foi catequizada), que, sendo a maior e de mais destaque entre as irmandades, ficou responsável por outras agremiações menores.A atual Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, por exemplo, é considerada uma capela dependente da  Igreja paroquial de Santa Ifigênia. 

Um exemplo da mistura entre as divindades católicas e pagãs nos cultos dos homens pretos era a substituição de nomes de santos católicos por nomes da tradição negra. São Benedito era chamado de Lingongo; Santo Antônio de Vereque; e Nossa Senhora das Dores de Sinhá Samba. Esse sincretismo religioso era necessário quando as religiões de matriz africanas eram negligenciadas pelos homens brancos no Brasil (normalmente os donos de escravos, senhores de engenho).






A primeira igreja

A primeira Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi fundada pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos no século XVIII. Sua história começou com uma petição da Irmandade, no ano de 1721, ao então rei de Portugal, Dom João V, pedindo permissão para construir um templo "que pudesse solenizar os mistérios do Rosário da Mãe de Deus". Apesar de não haver registros da resposta real, presume-se que ela tenha sido favorável, uma vez que nos anos subsequentes começou um processo de arrecadação de fundos para a construção da igreja. Nesse mesmo ano, enquanto não tinham os recursos necessários nem a permissão oficial da realeza, os escravos, proibidos de frequentar as igrejas dos brancos, construíram uma pequena capela nas proximidades do ribeirão do Anhangabaú. Na época, tratava-se de um subúrbio da cidade reconhecido pelas reuniões de escravos e de alforriados. Essa primeira igreja foi construída de  taipa e pilão  e tinha características predominantementes barrocas.

O processo de arrecadação de dinheiro começou em 1725, quando o ermitão Domingo de Melo Tavares, devoto da Irmandade dos homens pretos, começou uma peregrinação pelo estado de Minas Gerais recebendo esmolas em nome da Irmandade. Nesse mesmo ano a Irmandade pediu um terreno para a Câmara Municipal de São Paulo (CMSP) para que a igreja pudesse ser construída. O pedido foi visto com simpatia por D. Antônio de Guadelupe, bispo de São Paulo, que os ajudou a conseguir o terreno. No Livro do Tombo da Sé há uma referência ao fato: ele diz que a Virgem do Rosário foi "colocada pelos pobres escravos e pretos com toda a devoção na Capela que edificarão por graça do Ex. Snr. d. Antonio de Guadelupe". Como a irmandade era muito pobre, constituída pelos escravos e alforriados, quase todos os elementos que compunham a primeira igreja, como móveis, madeira, imagens de santos, tecido, toalhas e bordados para o altar, entre outros foram adquiridos através de doações.

Foi esse terreno, no qual a primeira capela tinha sido construída, que foi doado pela Câmara de São Paulo para a Irmandade em 10 de julho de 1728. Somado aos 10 mil cruzados que o ermitão Tavares recolhera de doações em Minas Gerais, a posse legal do terreno permitia a construção de uma igreja canônica. As obras começaram nesse ano, e há registros de terem acabado apenas em 1737. A conclusão das obras foi comemorada com a celebração de uma missa seguida da festa de Congos (congada). As outras referências à igreja registradas são de épocas bem posteriores: há duas cartas registradas na Câmara em 1750 e, em 1783, ela figura em uma relação de templos paulistas feita por Manuel Cardoso de Abreu. Em 5 de novembro de 1745, o ermitão que arrecadou os fundos para ereção da igreja foi nomeado Administrador Perpétuo das Obras da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

O antigo templo ficava na atual rua 15 de Novembro, região central da cidade de São Paulo, na esquina com a atual Praça Antônio Prado. Sua fachada ficava na rua 15 de Novembro, e era formada por quatro janelas, uma torre do lado esquerdo, que possuía uma janela baixa, e duas portas. Sua outra face, voltada para o Largo do Rosário, possuía uma porta de entrada para a sacristia e uma janela acima desta. A capela-mor possuía seis tribunas e um altar com painel da N. S. do Rosário, ao lado de S. Roque e S. Antônio. O corpo da igreja possuía quatro tribunas, dois púlpitos e dois altares, sendo um para Bom Jesus da Prisão, Santa Ifigênia e Santo Elesbão e outro para o Sagrado Coração de Jesus. A capela do Bom Jesus da Pedra Fria ficava à esquerda da igreja, sendo o outro lado tomado pela sacristia e um altar de Nossa Senhora das Dores.

A criação de uma igreja apenas para os negros evidencia dois traços importantes da época: o número crescente de escravos que eram trazidos para São Paulo; e a capacidade de associação e cooperação entre si. Nas palavras da pesquisadora Fernandes, a criação dessa igreja “constitui-se como entidade de união e auxílio mútuo de forros e escravos da cidade, atuando ainda como promotora de alforrias e participando das atividades abolicionistas”.