quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Lembranças de São Paulo - os cartões postais da década de 1950

Lembraças de São Paulo : os cartões-postais da Fotolabor - Wenwe Haberkonr

Centro Cultural da Caixa Econômica
Praça da Sé, 111 - até 20 de abril de 2014


O cartão-postal surgiu em 1869 no Império Austro-Húngaro e foi introduzido no Brasil em 1880, disseminando-se na sociedade urbana ocidental no bojo do desenvolvimento do turismo. As condições de reprodutividade técnica alcanças com os processos lito e foto-mecânicos viabilizaram a boa qualidade das imagens a preços baixos.
O formato portátil associando mensagens e estímulos visual garantiu ao cartão-postal sua pronta aceitação como souvenir de viagens. Os primeiros cartões, ainda litográficos, traziam a  expressão  Grus ( "lembrança de ") gravada como elemento  decorativo e de moldura da imagem, ou seja, explicava a sua vocação para souvenir.
A prática do colecionismo privado rapidamente reconheceu no souvenir postal as qualidades que habilitavam a item de coleção.
As editoras produziam postais em séries numeradas, temáticas, atributos extremamente atraentes aos colecionadores.

O conjunto de cartões-postais produzidos por Werner Haberkorn nos permite visualisar o processo de crescimento de São Paulo, sua modernização e verticalização nos anos 1950.

Um registro marcante da década que mudou as feições da cidade.


 
Viaduto Santa Ifigênia - 1950

 
Vale do Anhangabaú

 
Viaduto do Chá
 

 
Av. São João

 
Av. São João

A Fotolabor, empresa fundada pelo alemão Werner Haberkorn em 1940, foi ao lado da Fotopostal Colombo, uma das maiores editoras de postais fotográficos em São Paulo na década de 1950. A industrialização dos papéis fotográficos  na técnica "papel-revelação" permitiu a produção dos chamados cartões -postais fotográficos. Ou seja, não se tratava de uma técnica de impressão que dependia de tintas e matrizes,  mas da cópia de negativos em papéis fotográficos no tamanho postal (9 x 14 cm). Com o intuito de agilizar o processamento dos postais fotográficos, Haberkon projetou uma máquina capaz de automatizar as etapas de ampliação, corte e revelação fotográficas. O trabalho com os postais rendeu o sustento da família Haberkorn por pelo menos duas décadas, de 1940 a 1960, quando a Fotolabor encerrou a produção de postais.


"Foi em 1942 ou 1943 que nós começamos a fazer esse negócio de cartão-postal. Eram postais de cidades, hotéis, estâncias, esse tipo de coisas. Fui eu mesmo quem projetou as máquinas  de processamento dos postais. Eram máquinas automáticas, que trabalhavam com papéis em rolos no tamanho quatorze centímetros. Esses rolos entravam  certinhos na máquina que projetei : bastava colocar os negativos e ligar.Estava tudo próximo, a máquna de revelação, lavagem, fixagem ... e isso era a nossa fábrica."

Wener Haberkorn

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Sons da igreja do Centro - "Parle, chante, rêve et soupire ... "

Igreja da Boa Morte - 26/02/14
Rua do Carmo - São Paulo  - SP

 
 Igreja da Boa Morte
 






                                                                     Angela Duarte
                                                                                                 Marilia Vargas
 
 
"Parle, chante, rêve et soupire ... "
 
Na França medieval, o canto associou-se à harpa tão  espontaneamente quanto, na antiguidade grega, a cítara unira-se à voz. Na França do século XVIII, com a ida de Maria Antonieta da Áustria para a França, para casar-se com o Delfim, a associação solidificou-se, já que a futura rainha era harpista e cantora amadora. A partir daí, muitos compositores franceses passaram a harmonizar, cada vez mais, voz e harpa, recuperando assim uma tradição milenar.
A partir do século XIX, a canção francesa foi estimulada, em grande parte pela qualidade da poesia, multiplicando-se os compositores que puseram em música os belos versos da literatura francesa, num primeiro impulso de lutar contra o passado e renovar.
 
A soprano Marilia Vargas e a harpista Angela Duarte, ambas com grande afinidade com a cultura francesa, reuniram para o programa apresentado obras do século XIX e XX, escolhidos também por sua preciosidade poética.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mercadão - de ponto turístico a centro de compras

Mercadão
Rua da Cantareira












Fotos Manoel de Brito

Revistado do Historiador - edição 170

Um passeio sensorial. Essa é a principal experiência vivida por quem visita o suntuoso Mercado Municipal paulistano. Tomar um simples café da manhã pode ser uma experiência inesquecível no Mercadão, como é conhecido o mais famoso centro de compras da capital paulista. Um misto de cores, aromas e sabores formam uma atmosfera única, promovendo encantamento à primeira vista.
Não á toa, o estabelecimento é um dos locais mais visitados por turistas brasileiros e estrangeiros, transcendendo a função de centro de compras. Por sua diversidade de produtos e beleza arquitetônica, o Mercadão tornou-se um dos pontos turísticos mais visitados da cidade, disputado desde o estacionamento até as bancas de comercialização dos produtos. Semanalmente são cerca de 50 mil pessoas de variadas faixas etárias passeando pelo mais de 300 boxes, que formam o cenário da mais rica gastronomia.
Nas primeiras horas da manhã, o fluxo de visitantes circulando pelas "ruas" do galpão é tão intenso como no concorrido horário do almoço. Sair do  Mercadão sem experimentar o famoso sanduíche de mortadela  ou os tradicionais pastéis e bolinhos de bacalhau é o mesmo que não ter entrado !
Referência nacional por sua diversidade de produto, o estabelecimento oferece os opções mais variadas para o comércio de vinhos, queijos, chocolates, temperos e embutidos da melhor qualidade, além de frutas, verduras, legumes, carnes, peixes e frutos do mar sempre fresquinhos. A oportunidade de degustar e conhecer novos produtos atrai desde as donas de casa até os chefes de cozinha mais conceituados.

VIAGEM PELA HISTÓRIA :

Mas os prazeres da mesa não são os únicos fascínios das latitudes do galpão de mais de 12 mil m2, erguido para substituir o antigo mercado da rua 25 de Março. Ao entrar no Mercadão, os visitantes podem desfrutar de um ambiente carregado de história.
Iniciada em  1928, a obra foi projetada para ser um marco paulistano. Sua localização, no quadrilátero formado pelas ruas da Cantareira, Comendador Assad Abdala, Mercúrio e avenida do Estado, foi cuidadosamente pensada. Na época, a localização era estratégica por estar próxima à rede ferroviária e  às margens do rio Tamanduateí, facilitando o desembarque das mercadorias que eram, em sua maioria, transportadas por embarcações.
A construção assinada por Ramos de Azevedo, conta com um pé direito que chega a 16 metros de altura e um acabamento sofisticado.
O projeto  explora a iluminação natural com o uso de clarabóias e telhas de vidro. Já os 32 painéis subdivididos em 72 vitrais de estilo gótico foram projetados  pelo renomado artista russo Conrado Sorgenicht Filho, autor dos vitrais da estação Sorocabana, do Theatro Municipal, da Faculdade de Direito do largo São Francisco, da catedral da Sé e mais de 300 igrejas espalhadas pelo país.

Inaugurado em 25 de janeiro de 1933, depois de quatro anos em obras, o complexo tem papel de destaque na história brasileira. Antes de sediar o centro de compras, entre 1927 e 1933, serviu como quartel para a Revolução  Constitucionalista de 1932 - o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, que previa a derrubada do governo provisório de Getílio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil.
Durante 30 anos, o Mercado Municipal foi o principal entreposto de alimentos da cidade.
Porém, em 1960, com a criação do Centro de Abastecimento de São Paulo (Ceasa), o comércio desacelerou ao ponto de ser cogitada sua demolição. O prédio não foi demolido graças a proprietários dos boxes, feirantes  e simpatizantes, que lutaram por sua preservação.
Ao longo de seus 80 anos de existência, o Mercadão passou por poucas reformas, sendo a mais significativa em 2004, quando foi criado o  Mercardo Gourmet, uma cozinha equipada para aulas e eventos referente à gastronomia.




domingo, 23 de fevereiro de 2014

Victor Brecheret

Victor Brecheret foi um importante escultor do século XX. É considerado um dos principais representantes da Arte Moderna no Brasil. Teve importante participação, expondo esculturas na Semana de Arte Moderna de 1922. Grande parte de suas esculturas está exposta em locais públicos, principalmente na cidade de São paulo.
O Monumento às Bandeiras exposta no Parque Ibirapuera ( zona sul de São Paulo ), é uma das suas obras de arte mais conhecidas.
Durante sua vida artística ganhou vários prêmios nacionais e internacionais, comprovando seu grande talento artístico.

Nasceu em Farmese ( Itália ) em 22/02/1894 e faleceu em São Paulo em 17/12/1955.




Victor Brecheret
 



 
Cemiterio da Consolação

 
Cemitério São Paulo

 
Monumento às Bandeiras - Parque do Ibirapuera

 
Pinacoteca do estado de São Paulo

 
Monumento à Duque de Caxias




sábado, 22 de fevereiro de 2014

Fonte Monumental - o retorno do símbolo da memória paulistana

Fonte Monumental

Praça Júlio Mesquita - centro  - São Paulo


Impossível passar pela praça Júlio Mesquita, no centro de São Paulo, sem  notar o vigor da nova fonte monumental. Desativada há anos, o monumento voltou a encantar a população e vem contribuindo para dar vida à região.
Símbolo da hitória da cidade, a "Fonte das Lagostas", como ficou conhecida, foi restaurada pela Prefeitura e reinaugurada em maio/2013. Localizada no triângulo viário composto pela avenida São João, alameda Barão de Limeira e rua Vitória, a fonte era alvo constante de descarte de lixo e usada por moradores como banheiro público.
A Revista do Historiador abordou na edição 159, a lamentável situação de alguns dos mais importantes monumentos históricos da cidade.
Grande parte das estátuas e bustos distribuídos pela capital encontrava-se em péssimo estado de conservação, incluindo a fonte monumental da praça Júlio Mesquita.
Além da restauração, a fonte ganhou recentemente  novos sistemas de iluminação cênica e de hidráulica. Os detalhes, como as lagostas e o chafariz, antes de bronze, foram substituídos por réplicas. Mas o que mais  atrai a atenção de quem passa pelo entorno é  o aquário que envolve a fonte. De acordo com a Prefeitura, a iniciativa é uma experiência-piloto, que pode ser estendida a outros monumentos públicos, conforme seus resultados.
A revitalização da fonte começou em agosto de 2012, com base no projeto do Estúdio Sarasá, e custou cerca de R$ 515 mil aos cofres públicos.
Planejada inicialmente para ficar na praça da Sé, a fonte monumental foi encomendada à escultora Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto. Instalada na praça Júlio Mesquita em 1927, foi a primeira obra de arte feita por uma mulher na capital.

Revista do Histporiador - edição 170

Fotos de Manoel de Brito






quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Tomie Ohtake

Instituo Tomie Ohtake
Rua Coropés, 88  - até 9 de março.


Ao completar cem anos, a artista  plástica japonesa e naturalizada brasileira TOMIE OHTAKE mostra muita disposição para continuar suas criações.

A artista japonesa que completou  cem anos em novembro/2013, tem a trajetória explorada em uma retrospectiva com sessenta trabalhos realizados  de 1953 a 2013. As duas obras mais antigas chamam atenção por revelar influências do pós-impressionismo de Cézanne. Ainda na década de 1950, a abstração lírica ganha espaço na produção Enquanto  os concretistas  não abrem mão  da rigidez geométrica, Tomie prefere distorcê-la através das forças gestual, alcançando resultados cada vez mais criativos e subjetivos.

A dama das artes plásticas brasileira - como é conhecida - é uma das principais representantes do abstracionismo com obras, esculturas e gravuras.

O início da carreira foi em 1952, com pintura. Mas seu nome está fortemente associado às enormes esculturas tridimencionais, dispostas em espaços públicos. Dentre as que se tornaram marco, estão a escultura de concreto da Av. 23 de  Maio, na capital paulista e  no  Emissário de Santos.

Para homenagear a pluraridade da artista, fotos de suas obras.


                                                               Instituo Tomie Ohtake



 
Tomie em 1950

 
escultura Av. 23 de Maio - São Paulo


                                                                  pintura em óleo


                                                             Emissário Santos


 
 
 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

São Paulo - Transformação Total - fotos raras mostra como era a capital paulista

 
Transformção total - Fotos raras mostra como era a capital às vésperas de sua vertiginosa expansão no século XX
 
 
As primeiras décadas do século XX cumpriram um papel fundamental para que a São Paulo se tornasse o que é hoje. Entre 1900 e 1940, geradores a vapor da Light passaram a iluminar as ruas, bondes elétricos começaram a circular, avenidas do centro foram  alargadas,o projeto do sistema de saneamento e abastecimento de água saiu do papel e a população saltou de 240 000 para 1,3 milhão de habitantes. Preservadas no acervo das companhias responsáveis por essas intervenções, várias fotos da época foram reunidas no livro Transformações Urbanas : São Paulo 1893 - 1940 ( Fundação Energia e Saneamento."Foi ali que a cidade  ganhou seu passaporte para se tornar a metrópole", afirma o arquiteto Carlos Lemos, um dos especialistas convidados a participar do projeto para analisar essa fase de imensas mudanças em nossa paisagem.
Elas ficam bem visíveis quando se comparam as imagens antigas e as rescentes, tiradas dos mesmos ângulos.
 
A ESQUINA DOS QUATRO CANTOS
 
 
O cruzamento das Ruas Direita e São Bento ( onde mostra a foto de 1902), foram instalados os trilhos de bonde) era um dos mais charmosos do início do século XX. Por ser a única esquina com ângulos retos no centro, ela se tornou célebre como "Quatro Cantos", apelido que pode ser lido em uma placa no sobrado à esquerda da imagem. À direita ficava  a antiga residência  de Antônio Prado, o Barão de Iguape ( 1788-1875), em um terreno hoje ocupado por um edifício comercial que leva seu nome.
Em 1912, uma reforma na região pôs abaixo o quarteirão do lado esquerdo, quando surgiu a Praça do Patriarca.
 
 
 

 
Praça do Patriarca - 2014
 
MERGULHO NO TIETÊ
 
Há cerca de um século, a Ponte Grande era o prncipal ponto de travessia sobre o Rio Tiet~e, onde estavam sediados dois clubes então com prestígio - o Tietê e o Espéria. Usado para atividades esportivas, o curso d'água recebeu a Travessia de São Paulo a Nado, entre as décadas de 20 e 40, e regatas de remo, até os anos 70, quando a poluição tornou a prática inviável. Em uma das margens estava instalado um observatório astronômico.
 
 
 
Observatório Astronômico - foto de 1926, construído na antiga chácara de José Vieira Couto de Magalhães ( 1837-1898), ex presidente da província de São Paulo. A construção foi demolida após
a retificação do Tietê, em 1942, quando a Ponte Grande deu lugar à Ponte das Bandeiras, que liga o centro de Santana. Na época foram erguidas duas torres, uma em marge, hoje usadas pela CET para monitorar o trânsito.
 

 
Ponte das Bandeiras
 
 
 
O TEMPLO DO DINHEIRO
 
Em 1891, quando a Avenida Paulista foi aberta, os abandonados da cidade viviam em bairros como Campos Elísios e Higienópolis. "Os casarões se se tornaram comuns por ali depois de 1895, quando a água encanada chegou à região", diz o professor Nestor Goulart Reis Filho da USP. Naquele ano surgiu uma das primeiras residências da avenida, que pertencia ao empresário dinamarquês Adam Ditrik von Büllow ( 1840-1923), um dos acionistas da cervejaria Antártica.
Diversas imagens daquela época foram registradas da torre do palacete, em um dos pontos mais altos da rua. A vista era privilegiada : de um lado, o centro; de outro, o Rio Pinheiros;
Demolida em 1955, a casa abriu espaço para o Edifício Paulicéia, tombado como exemplo da arquitetura modernista.
Nos anos seguintes, a Paulista perdeu seu caráter residencial e passou a abrigar bancos, escritorios e prédios comerciais.
 



 
Av. Paulista - 1891
 
 
 
Av. Paulista - 2014
 
 

ENTRE BONDES E CARROÇAS
 
Aberta no fim do século XIX, a Avenida Brigadeiro Luís Antônio homenageia o pai  do antigo dono das terra da região, o barão de Limeira ( 1813-1872), e tornou-se uma importante ligação do centro com a Zona Sul. Era por ali que circulava uma das linhas de bonde mais importantes da cidade, a Avenidas, entre o centro e a Paulista.
Na esquina com a Rua Riachuelo ( de onde a foto abaixo foi tirada, em 1900 ) fica atualmente uma das sedes do Ministério Público Estadual. Na década de 60, o terreno descampado ao fundo passou a receber a Avenida 23 de Maio. 
 


 
Avenida Brigadeiro Luis Antônio - fins século XIX 

 
Avenida Brigadeiro Luis Antônio - 2014
 
 
 
 
PINHEIROS PRÉ MARGINAL
 
Originalmente cheio de curvas, o leito do Rio Pinheiros passou por obras para torná-lo reto a partir da década de 30 ( a foto abaixo é de 1936 ).Executadora do projeto, a Light também alargou e inverteu o curso original para reduzir enchentes e aumentar a capacidade de geração de energia.
Unaugurada em 1940, a Usina Elevatória de Traição, surgiu para bombear água do rio até a Represa Billings, que acabou se tornando poluída como consequência disso. A retificação teve sua condução em 1957 e valorizou bairros próximos, como o Alto de Pinheiros.
 
 
 
Marginal Pinheiros - 1936
 
 
 
Marginal Pinheiros - 2014 

Ao fundo, Usina Elevatória de Traição.
A Ponte cidade Jardim erguida no mesmo local da foto acima, é de 1951. Construídas nesse per[iodo, as avenidas marginais foram concebidas como rodovias, mas o desenvolvimento da cidade mudou os planos. Ermas há 77 anos, as margens do rio abrigam hoje uma floresta de prédios.
 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Museu de Arte Sacra

Museu de  Arte Sacra
Av. Tiradentes, 676 - Luz - São Paulo





          
Século XVIII- Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz - óleo sobre tela - Benedito Calixto





 
Museu de Arte sacra - 2014
 







 
 
 
Um ambiente cheio de simbolismo, tomado por uma atmosfera espiritual contagiante. Essas são as primeiras impressões que o visitante tem ao entrar no Museu  de Arte Sacra de São Paulo. Inaugurado em 1970, no piso térreo do Mosteiro de Nossa Senhora Imaculada da Conceição da Luz, é um  dos mais representativos acervos do patrimônio sacro brasileiro, com cerca de 14 mil itens, dos  quais  cerca de 20% está em exposição.
A parte mais antiga do complexo foi construída sob orientação de frei Antônio Santana Galvão para abrigar o recolhimento das irmãs concepcionistas, função esta que se mantém até hoje. O acervo do museu começou a ser formado por d.Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo, que a partir de 1907 começou a recolher imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas que sistematicamente eram demolidas. A partir de 1970 o acervo foi significativamente ampliado e hoje compõe um dos cenários sagrados mais belos do mundo.
O minucioso trabalho artístico materializado nas imagens mais populares do catolicismo encantam os olhos mais críticos e emocionam os mais religiosos. As peças, em sua maiorias, feitas a partir de madeira policromada e barro cozido traduzem a beleza e peculiaridade da arte sacra. Visitar o museu é a certeza de vivenciar experiências que alimentam o conhecimento e a alma.
 
 
 
Ourivesaria Sacra
 
Um dos ambientes mais surpreendentes do museu talvez seja a Ourivesaria Sacra.Não apenas por seu cenário luxuoso, mas pelo que representa. Acervo dos objetos litúrgicos, confeccionados em ouro e prata, o ambiente  é suntuoso.
Tal como o ouro, a prata era considerada pelos antigos um metal quase sagrado e de uso restrito. Desde o século XVI a prata é a matéria prima utilizada para a confecção de objetos litúrgicos e peças com as  quais se adornam as igrejas. A sua flexibilidade para ser moldada a torna ideal para a confecção de objetos e para fins decorativos.
A prata não era utilizada nos templos apenas  como luxo e ostentação. Para os doadores, anônimos ou não, é prata de ação de graças, prata de louvores : louvar os santos mártires, louvar Nossa Senhora, louvar o Senhor. Daí esse empenho de fazer sempre o melhor, o mais belo, o mais rico.
É uma prata de oração. 
 
 
Casa dos Presépios
 


 
 
O Museu de Arte Sacra reserva ainda uma vertente absolutamente singular, representada nos  130 conjuntos  presepistas, oriundos de diversas regiões do Brasil e do exterior.
A cena de nascimento de Jesus é retratada por artistas anônimos e consagrados, como Fúlvio Penachi e mestre Vitalino, em pequenas construções, porém ricas de detalhes. A matéria-prima usada na confecção dos presépios varia de acordo com a região de origem das peças, destacando-se terracota, madeira, metal, palha, cabaça, tecido e isopor, entre outros.
O Presépio Napolitano, do século XVIII, com suas 1.620 peças, das quais 390 são figuras humanas.
Doado por Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccilo Matarazzo, o presépio é um raríssimo exemplar, comparável apenas aos conjuntos expostos no Museu de Nápoles, na Itália, e no Metropolitan Museum, de Nova York.
Além da  "Sagrada Família", o conjunto apresenta uma diversidade de personagens ligados ao cotidiano de uma aldeia napolitana do século XVIII, representado por várias profusões urbanas, bem como pastores e homens do campo. Móveis, objetos, utensílios, alimentos e animais integram e dão vida à cena.
O Presépio Napolitano constitui-e num importante testemunho material  histórico e antropólogico acerca da sociedade napolitana do século XVIII.
 
REVISTA DO HISTORIADOR - EDIÇÃO 170
 
Fotos de Manoel de Brito