quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Pico do Jaraguá





Pico do Jaraguá é o ponto mais alto do município de São Paulo,  no  Brasil, elevando-se a uma  altitude  de 1 135  metros.  Situa-se no bairro do Jaraguá, a oeste da serra da Cantareira.  Nos seus arredores, foi criado o  Parque Estadual do Jaraguá, para a conservação da área.
Pode-se ascender ao seu  cume  por uma via asfaltada (Estrada Turística do Jaraguá) e através da Trilha do Pai Zé (1 450 metros de extensão). No topo, há duas grandes antenas,  sendo uma de televisão (compartilhada por 3 emissoras:  TV Globo São Paulo, TV Bandeirantes São Paulo e TV Cultura,  além de pequenas instalações  comerciais  e locais destinados a estacionamentos de veículos.
A TV Bandeirantes, canal 13 (VHF) instalou a sua antena (da marca inglesa Marconi) e novos amplificadores  no Pico do Jaraguá no ano de 1970, o que permitiu, aos paulistas, uma melhor recepção do sinal para as transmissões dos jogos da Copa  do  Mundo FIFA de 1970,  aumentando sua capacidade para 200 quilômetros. Também, lançou um disco promocional na mesma época para anunciar a novidade aos  publicitários. 
Ao se atingir o topo, tem-se uma visão principalmente da parte oeste da Grande São Paulo.  Também pode ser avistado o  Rodoanel Mário Covas,  na parte posterior. Junto à antena de televisão, existe uma grande  escadaria  que permite subir ainda mais, ladeada por um  bondinho  que se destina ao transporte de pessoas e materiais para manutenção da antena.



Exploração de ouro

As primeiras notícias que se têm do local é que, nele, estava estabelecido o português  Afonso Sardinha, bandeirante,  caçador de índios, que descobriu vestígios de ouro no ribeirão Itaí, no pico, por volta de  1580.  No entanto, como os índios dominavam a região, travaram-se numerosas guerras contra os nativos da terra. A mineração, portanto, só teve início dez anos depois. O ouro do Jaraguá  foi explorado até o esgotamento, no  século XIX. Os  garimpeiros  deixaram visíveis marcas de sulcos e escavações nas rochas do pico.



Século XX

Em  1946,  a Prefeitura de São Paulo transformou o pico do Jaraguá em  ponto turístico  da cidade. Em  1961, foi criado o  Parque Estadual do Jaraguá,  onde os visitantes podem conhecer as pias de lavagem manual do ouro ao lado das  ruínas  do grande casarão do próprio Afonso Sardinha. Esse parque foi  tombado  pelo Condephaat  ( Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,  Artístico, Arqueológico e Turístico) em 1983. 
Em  1994, o Parque Estadual do Jaraguá,  foi tombado como  Patrimônio da Humanidade pela Unesco,  passando a integrar a Zona Núcleo do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, Reserva da Biosfera. Existe, na entrada do Parque do Pico do Jaraguá, uma aldeia  indígena,  porém em total estado de penúria.


Parque Estadual


Considerado um dos últimos remanescentes de  Mata Atlântica da Região Metropolitana de São Paulo,  com área de 491,98  hectares, o Parque Estadual do Jaraguá  é uma  área protegida brasileira criada em 1961.  Localiza-se em torno do Pico do Jaraguá, na  Serra da Cantareira,  Zona Noroeste do município de São Paulo, onde passa o  Trópico de Capricórnio,  mais precisamente no bairro do Jaraguá. Tem, como vizinhos, os bairros de Perus, Pirituba e o município de Osasco.

Localização


O Pico do Jaraguá se encontra na  Estrada Turística do Jaraguá,  que se liga à  Via Anhanguera no km 18.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Natal de 2019



Que o Natal seja um símbolo de Amor e Paz no coração de todos que  acompanham meu Blog.
Manoel de Brito








Atração turística dos finais de ano, a árvore de Natal do Parque do Ibirapuera já virou símbolo tradicional de SP! Localizada à beira do lago, ao lado do monumento a Pedro Álvares Cabral, a atração ilumina SP, até  5 de janeiro, das 19h à 01h.


Outro espetáculo inesquecível é o show de luzes da fonte, que ocorre em três sessões diárias: às 20h30, 21h e 21h30. 


Represa de Guarapiranga



Represa Guarapiranga -1932

Represa de Guarapiranga é um reservatório para abastecimento de água potável,  situado na divisa entre os municípios de São Paulo ( Zona Sul ),  Itapecerica da Serra e Embú Guaçú no estado de São Paulo,   no  Brasil,  oferecendo e abastecendo água para mais de 4 milhões de pessoas no Estado. Dela só é habituado ter novidades nos períodos de estiagem ou quando os ambientalistas constituem soar o alarme de poluição dos mananciais que a abastecem.
 É, ainda, utilizada para o controle das  cheias  dos rios da região e como local de esportes náuticos e lazer ao longo de seu percurso de 28 quilômetros de margens, destacando-se a importância nos  esportes de vela,  há vários clubes de  Iatismo  no seu entorno, como o  Yacht Club Santo Amaro,  berço de vários campeões.




Construída pela São Paulo Tramway Light and Power Co. e inaugurada em 1908, sua finalidade era, primeiramente, atender às necessidades de produção de energia elétrica na Usina Hidrelétrica de Parnaíba.
Inicialmente conhecida por Represa de Santo Amaro, Guarapiranga teve sua construção iniciada em 1906 pela  São Paulo Tramway, Light and Power Company,  na época responsável pelo fornecimento de energia elétrica na cidade, sendo concluída em 1908.
 Em 1928, com o crescimento da região metropolitana de São Paulo, Guarapiranga passou a servir como reservatório para o abastecimento de  água potável.  Nesse mesmo ano, a represa foi o local de chegada dos aviadores italianos que fizeram uma das primeiras travessias aéreas do  Atlântico Sul ; ː Francesco de Pinedo, Carlos del Prete e Vitale Zacchetti. .
O intuito de deter água parada para o consumo na cidade, intensificou o poder econômico da mesma e concomitantemente abrangeu o turismo para essa região, que até os dias atuais recebem um numero elevado de visitantes, e por consequência, a instalação de grandes chácaras, sítios e clubes em suas margens, principalmente de estrangeiros que sentem-se atraídos pela represa com clima semelhante ao do europeu, com seus meses gelados do inverno e calor na primavera, com sua garoa e neblina característica época que lembrava o fog londrino.
Em 1912 o São Paulo Yacht Club foi fundada próximo a barragem, este sendo o primeiro clube de Iatismo na represa.
A partir dos anos  19200 e 1930,  um crescente interesse pela ocupação das margens da represa fez surgir loteamentos pioneiros que procuravam oferecer, ao cidadão paulistano, uma opção de  lazer náutico. Sendo provenientes daí, o surgimento de bairros com nomes como Interlagos, Veleiros, Riviera Paulista e Rio Bonito. Foi o local de disputa do torneio de  vela dos Jogos Pan-Americanos de 1963.
 Entre as décadas de  1980 e 1990,  a ausência de políticas claras de uso e ocupação do solo por parte do Governo do Estado com parceria da Prefeitura de São Paulo e dos municípios vizinhos contribuiu para a criação de loteamentos populares clandestinos ao redor da represa, que cresceram desordenadamente e que jogam, na represa,  esgoto não tratados. 
O lançamento de esgoto levou ao aparecimento de  algas  e o comprometimento da qualidade do manancial e da água para abastecimento humano, obrigando a Companhia de Saneamento  Básico do Estado de São Paulo  (SABESP) a investir fortemente em programas de  tratamento  para minimizar o problema, que já estava em estágio grave.
Em 2007, teve início um projeto de revitalização  da orla da represa de Guarapiranga, desenvolvido pela  Subprefeitura da Capela do Socorro  e pelo governo do estado. A obra incluiu novo parque, uma via panorâmica circundando toda a represa,  ciclovia e calçada,  além da  árvore de Natal inaugurada no dia 9 de dezembro de 2008. 
Em junho de 2008, foi anunciado o início das obras de  urbanização e infraestrutura de centenas de favelas  da região, melhorando a melhorando a qualidade de vida  dos habitantes e a preservação das áreas de  mananciais.  Em 2011, foi palco do primeiro  Mundial de Clubes de Futebol de Areia  e atualmente a modalidade possui 17 pódios, perdendo apenas para o vôlei e judô. Atualmente, é utilizada para abastecimento de água potável para a  Região Metropolitana de São Paulo,  através da  Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.  Durante a crise hídrica, a represa Guarapiranga foi utilizada para abastecer cerca de seis milhões da população da cidade.

A represa foi formada originalmente pelo  represamento do Rio Guarapiranga.  Seus principais  tributários  são o  rio Embú-Guacú e o rio Embú-Mirim,  além de outros  córregos  de menor porte, abrangendo áreas dos municípios de São Paulo,  Itapecirica da Serra e Embú-Guaçu.
O parque tem a importante função de proteger a produção hídrica, minimizando a erosão e a sedimentação. Possui gramados, caminhos e recantos, abrigados por uma vegetação densa que desce até as margens da represa, composta predominantemente por eucaliptal entremeado por pequenos bosques com espécies da Mata Atlântica, além de áreas ajardinadas. Destacam-se angico-vermelho, cabuçu, capororocas (Myrsine coriacea e M. umbellata), camboatás (Cupania oblongifolia, C. vernalis e C. zanthoxyloides), guaçatonga, mandioqueiro, passuaré, pau-brasil, pau-de-tucano, tamanqueiro e tapiá-guaçu. Foram registradas 181 espécies, das quais 11 estão ameaçadas como a copaíba, o chichá e a grumixama.


Fauna

Com fauna composta por 92 espécies, sendo 40 de borboletas, uma de réptil (lagarto-teiú), duas de mamíferos (o gambá-de-orelha-preta e o ratão-do-banhado) e 49 de aves. Nesse grupo ressalta-se a presença do pavó, um importante dispersor de sementes que se encontra ameaçado de extinção. No quesito beleza, destaque para a bandeirinha, que possui em sua plumagem as cores da bandeira nacional, daí seu nome. O gavião-carijó e a coruja-orelhuda figuram os rapinantes do parque. Foram avistadas aves endêmicas da Mata Atlântica como periquito-rico, pica-pau-anão-de-coleira, pica-pauzinho-verde-carijó, arredio-pálido e pichororé. Dentre as borboletas, destacam-se as detentoras de asas transparentes no tom cinza e manchas alaranjadas.




Turismo
Apesar de ser uma região afastada das áreas centrais da cidade de São Paulo (subúrbio),  a represa é um de seus principais ícones naturais e é muito procurada para lazer, devido a suas praias, parques, pela pesca amadora e esportes, com destaque para os esportes de vela,  pois o local abriga vários clubes de  iatismo em sua margens. Se tornou centro de excursões e passeios dos paulistanos. Com o passar dos anos foram surgindo clubes náuticos e residências de recreio para os fins de semana.
A represa ainda possui algumas ilhas, com destaque para a Ilha do Eucalipto, a maior delas, e para a Ilha dos Amores, que, em dezembro de 2008,  abrigou uma  árvore de natal  de 15 metros de altura com as cores do Brasil  e uma cortina de água com projeções com mais de 72 metros quadrados , as quais fazem parte do projeto  Natal Iluminado,  realizado pela  Prefeitura de São Paulo  em parceria com a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).
De carro, é possível chegar nos polos comerciais ao redor da represa pela  Marginal Pinheiros,  até a Avenida Atlântica (antiga Avenida Robert Kennedy). De transporte público, é possível pegar as linhas 6028 (Terminal Santo Amaro - Riviera), 737G (Terminal Santo Amaro - Terminal Guarapiranga), 6019 (Terminal Guarapiranga - Jd. Alfredo), 7710 (Metro Ana Rosa - Terminal Guarapiranga), 6505 (Terminal Bandeira - Terminal Guarapiranga), 637A (Pinheiros - Terminal Guarapiranga) e 745M (Campo Limpo - Shopping SP Market), da SPTrans em direção à represa.


Lazer

Em sua represa está disponível cursos para aprender a navegar e velejar nas escolas de iatismo, também há cursos de windsurf, wakeboard e kitesurf, nos quais os esportistas se locomovem com pranchas. Além disso, o visitante pode andar de barco, lancha, desfrutar da infraestrutura que o clube oferece, com piscina, uma vasta área pra recreação e lanchonete. O  Parque Ecológico do Guarapiranga  também apresenta quadras poliesportivas, campos de futebol, lago, brinquedoteca, trilhas e um viveiro do qual saiu grande parte de de suas 379 mil mudas. Há também uma diversidade de espécie como aves, mamíferos e répteis que habitam a área.


Parque Guarapiranga
Inaugurado em 1999, o  Parque Guarapiranga  reúne trilhas, lanchonete, churrasqueiras, dois campos de futebol, palco para shows, um viveiro com mais de 379 mil mudas de plantas, aproximadamente 500 espécies diversas de animais e uma pista de concreto de 1,6 km de extensão que passa por sobre as águas da represa. O parque possui gramados, caminhos e recantos que são compostos por uma vegetação bem densa que, com seu percurso, desce até as margens da represa, contendo predominantemente por eucaliptal entremeado por modestos bosques com espécies da  Mata Atlântica. 
O parque ocupa 28 km (7%) do entorno da represa, e abriga diversos clubes e escolas de variados esportes aquáticos, com aulas para quem deseja aprender a velejar ou a surfar de  windsurf. 
Para quem busca tranquilidade, o Salão Oval disponibiliza atividades voltadas para a terceira idade, como  ioga,  dança e ginástica chinesa. O espaço é mantido por voluntários.


Solo Sagrado de Guarapiranga

O Solo Sagrado de Guarapiranga fica na Zona Sul de São Paulo, em Parelheiros. Administrado pela Igreja Messiânica Mundial do Brasil, o local é aberto para toda a população, ele atrai trinta e cinco mil visitantes por mês, possui uma vasta área da Mata Atlântica, é um espaço para meditação e apreciação da natureza. O seu espaço possui uma ligação com a Represa de Guarapiranga e abriga, já que um dos seus portões da acesso as águas da represa e o outro lado pode ser encontrados uma grande diversidade de jardins com as mais diversas cores.
No Solo Sagrado de Guarapiranga tem como grandioso um templo que foi construído em forma de anel e abriga três santuários: o primeiro é o Santuário de Deus Supremo( o altar central), o segundo o Santuário de Meishu-Sama(ao lado direito) e o terceiro o Santuário dos Antepassados(ao lado esquerdo) um lugar para momentos com os entes que já partiram. Para quem gosta de arte, existe um Centro Cultural que expõe obras renovadas de diferentes artistas, salas de multiuso e de audiovisual. Esse centro apresenta tradições japonesas com oficinas de Ikebana e cerimônia do chá. Há um dia específico em que acontece o Culto de Agradecimento às bênçãos alcançadas, em média, vinte mil pessoas comparecem a esse culto antes de ir ao Solo Sagrado. Apresenta também uma lanchonete, uma praça e um espaço para piquenique, são milhares de árvores e uma reserva florestal com diferentes espécies de animais.




Projeto Orla da Guarapiranga

O projeto consiste na construção de 7 (sete) parques as margens da represa, além de uma ciclovia com a extensão de 10 (dez) quilômetros, interligando-os, substituição de muros por grades e calçadas permeáveis.
A revitalização da Represa Guarapiranga conta com a parceria das secretarias municipais das Subprefeituras e do Verde e Meio Ambiente, da Subprefeitura Capela do Socorro,  da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado e do  Banco Mundial. 
Dentre os parques estão: Parque Praia São Paulo, Parque da Barragem, Parque Várzea do São José, Parque 9 de julho, Parque Castelo, Parque Atlântica e Parque Hípica.

Parque Praia São Paulo

Localizado as margens da Represa de Guarapiranga, o Parque Praia São Paulo é voltado para a contemplação, lazer e prática de esportes, pois sua área de 168.700 (cento e sessenta e oito mil e setecentos) m² apresenta quadras de areia, playground da longevidade e infantil, ciclovias, áreas de plantio de árvores nativas, sanitários e ainda uma área destinada a banhistas da represa. Seu primeiro trecho apresenta o nome de Praia do Sol e abrange cerca de 18 (dezoito) m² e foi inaugurado pelo então  prefeito Gilberto Kassab  e pela então secretária estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena em 26 de julho de 2009. Todo o parque faz parte do Projeto Orla do Guarapiranga.
Em sua fauna apresenta certa de 50 espécies de pássaros. Em sua maioria de área aberta e aquáticos. Dentro os aquáticos, observa-se pernilongo-de-costas-brancas, marrecas silvestres, socós, frangos-d’água, biguás, garças e mergulhão-caçador. Dentre os de áreas abertas são vistos, principalmente, coleirinho, pica-pau-do-campo, sabiás, caracará e anu-branco.
Já sua flora compreende áreas ajardinadas, árvores em alamedas, e isoladas e gramados, destacando-se seafórtia, capixingui, figueira-benjamim, areca-bambú,  iúca, copaíba, árvore-polvo, falsa-seringueira,  palmaória,  jasmim-manga,  mricá,  jerivá, palmatória e romãzeira.



Prédio icônico da Avenida Paulista



         O Edifício ao lado do já demolido palacete da família Lotaif, por volta doas anos 70.




Em 1974, um anúncio de jornal oferecia escritórios em um novo ponto comercial na altura do número 949 da Avenida Paulista. O prédio de 18 500 metros quadrados era exaltado pela boa localização e por seu estilo afunilado (o 1º piso exibe 991 metros quadrados e o último, 331 metros quadrados). “Não é qualquer edifício que tem bases tão sólidas”, dizia a publicidade. O tal empreendimento receberia os primeiros ocupantes ainda naquele ano.
Com o projeto assinado por José Gugliotta e pelo reconhecido designer e arquiteto Jorge Zalszupin, a torre de 27 andares foi pensada para garantir o acesso pelos dois lados, tanto pela alameda Santos quanto pela via mais famosa da cidade. De início, o térreo abrigou o banco japonês Sumitomo Mitsui, da corporação que era sua proprietária à época. Daí o nome de edifício Sumitomo (há quem o chame atualmente de Torre Paulista). Nos últimos anos, o endereço alojou outras instituições financeiras, além de mais iniciativas, incluindo o ateliê da estilista Andressa Salomone, herdeira do Grupo Savoy, o atual dono do pedaço.

Construção hoje, cercada por espigões

 Construção hoje, cercada por espigões: o novo endereço terá 230 quartos e diária com preço salgado
                                                    A partir de 2021, o ritmo mudará por ali, pois o local vai receber a primeira unidade paulistana da rede americana Hard Rock Hotel. Para a empreitada, haverá uma reforma avaliada em 100 milhões de reais, bancada pelo grupo de investidores VCI, em parceria com o Savoy e a marca internacional. As obras para a instalação dos 230 quartos devem ser iniciadas em janeiro.

Avenida PAulista
O contrato entre o trio prevê o uso do espaço pelos próximos quarenta anos. “Vimos catorze opções de prédio até chegar a esse”, diz Samuel Sicchierolli, presidente do Grupo VCI. “Precisava ser bonito por fora, icônico.” Os hóspedes que desembolsarem os estimados 1 600 reais da diária encontrarão toda sorte de objetos de ícones da música na decoração, como instrumentos musicais e itens de vestuário, e poderão aproveitar bares e restaurantes que devem ser inaugurados ali, até mesmo no rooftop.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 13 de novembro de 2019, edição nº 2660.

domingo, 1 de dezembro de 2019

Anita Malfatti



Anita Malfatti

Filha do engenheiro italiano  Samuele Malfatti e de mãe norte-americana Eleonora Elizabeth "Betty" Krug, Anita Malfatti nasceu na cidade de São Paulo, em 2 de dezembro de 1889. Segunda filha do casal, nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais à cidade de  Lucca, na Itália,  na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida. Voltando ao Brasil, teve à sua disposição Miss Browne, que a ajudou no desenvolvimento do uso da escrita e no aprendizado do desenho com a mão esquerda. Essa Miss Browne deve ter sido a educadora norte-americana Márcia P. Browne que assessorou  Caetano de Campos  na reforma que empreendeu no ensino primário e normal em São Paulo, nos primórdios da República. Miss Browne organizou e foi a primeira diretora da Escola Modelo anexa à Escola Normal.
Iniciou seus estudos em  1897  no Externato São José de freiras católicas, hoje não mais existente, outrora localizado na  Rua da Glória,  onde foi alfabetizada. Logo depois passou a estudar em escolas protestantes: na  Escola Americana,  em 1903, e pouco depois no  Mackenzie College  onde, em  1906,  recebe o diploma de normalista.

Surge a pintora

Nesse meio tempo morreu Samuele Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos para o sustento dos filhos, Betty passou a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a pedir orientações do pintor  Carlos de Servi  para ela com mais segurança ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas que tomavam a maior parte de seu tempo, foi portanto sua própria mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas.

Na Alemanha


Anita pretendia estudar em Paris, mas sem a ajuda do pai parecia impossível, tendo em vista que sua avó vivia entrevada numa cama e sua mãe passava o dia dando aulas de pintura e de idiomas. Anita tinha umas amigas, as irmãs Shalders, que estavam prestes a viajar à  Europa,  para estudar  músiica. . Assim surgiu a ideia de acompanhá-las à  Alemanha  e seu tio e padrinho, o engenheiro Jorge Krug, aceitou financiar a viagem.
Anita e as Shalders chegaram a  Berlim em 1910,  ano marcante na história da  Arte Moderna  alemã. Berlim era então o grande centro musical da Europa. Acompanhando suas amigas às aulas no centro musical, ali recebeu a sugestão para estudar no ateliê do artista pintor  Fritz Burger.
 Fritz Burger era um retratista que dominava a técnica pontilhista ou divisionista. Foi o primeiro mestre alemão de Anita. Nessa época ela ingressou na Academia de Belas Artes de Berlim.
Durante as férias de verão, Anita e as amigas foram às montanhas de  Harz, em Treseburg,  região frequentada por pintores. Continuando sua viagem, visitou a 4°  Sonderbund,  uma exposição que aconteceu em  Colônia  na Alemanha, na qual conheceu trabalhos de pintores modernos e famosos, incluindo-se  Van Gogh. 
Teve aulas também com  Lovis Corinth,  nome mais conhecido do que seu primeiro mestre. Alguns anos antes Corinth sofrera um acidente vascular cerebral (AVC) que, como sequela, tal como a aluna, lhe deixara alguma dificuldade motora na mão direita. Anita estava cada vez mais interessada pela pintura expressionista. Desejava aprender seu conceito e sua técnica. Em 1913, inicia aulas com o professor  Ernst Bischoff-Culm  da mesma escola de Corinth. Com a instabilidade política e social causada por uma guerra que se mostrava iminente, Anita Malfatti resolve deixar Berlim e passando rapidamente por Paris, retorna ao Brasil.

Primeira exposição individual - 1914



Em 1914, Anita tinha 24 anos e, depois de quatro anos de estudo na Europa, voltava para o seio familiar. Anita ainda tinha o desejo de partir mais uma vez em viagem de estudos. Sem condições financeiras, tentou pleitear uma bolsa junto ao  Pensionato Artístico do Estado de São Paulo. Por essa razão, montou no dia  23 de maio de 1914,  uma exposição com obras de sua autoria, exposição essa que ficou aberta até meados de junho..
O senador  José de Freitas Valle  foi visitar a exposição. Dependia dele a concessão da bolsa. Mas o influente político não gostou das obras de Anita, chegando a criticá-las publicamente. Entretanto, independentemente da opinião do senador, a bolsa não seria concedida. Notícias do iminente início da guerra na Europa fizeram com que o Pensionato as cancelasse. Foi aí que, mais uma vez, financiada pelo tio, o engenheiro e arquiteto Jorge Krug, Anita embarca para os  Estados Unidos.

Nos Estados Unidos



No início de 1915, Anita Malfatti já se encontrava em Nova Iorque e matriculada na tradicional  Art Student's League.  Nessa escola, Anita ia de um professor a outro na tentativa de encontrar o caminho que sonhava para seus trabalhos. Após três meses de estudos, desistiu de qualquer curso de pintura ou desenho nessa instituição, reservando-a apenas para os estudos de gravura. Anita ficou sabendo de um professor que deixava os alunos pintarem à vontade - ele lecionava na  Independent Scholl of Art  e se chamava  Homer Bross. 
Nas férias de verão, Homer Boss levou os alunos para pintar na costa do Maine,  na ilha de Monhegan.  Esse Estado litorâneo mais ao nordeste, fronteira com o  Canadá,  tornara-se há muito o refúgio dos artistas. Foi nessa ilha que Anita pintou, entre outras, a paisagem intitulada O farol.
Passado o verão, Anita voltou à Independent School of Art. Em meados de 1916, preparava-se para voltar ao Brasil.

De volta ao Brasil e segunda exposição individual - 1917


A estudante  (1915-1916), de Anita Malfatti. Acervo do  Museu de ARte de São Paulo.

Mário de Andrade de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro) e  Zina Aita  (à esquerda de Anita), em 1922.

           Anita Malfatti,  1930.
Em 1917, Anita resolveu promover sua segunda exposição.
Após a crítica de Lobato, publicada em  O Estado de São Paulo,  edição da tarde, em 20 de dezembro de  1927,  com o título de A propósito da exposição Malfatti, as telas vendidas foram devolvidas, algumas quase foram destruídas a bengaladas. Apesar da mágoa, Anita ilustrou livros de Monteiro Lobato e na década de 40 participou de um programa na Rádio Cultura  chamado "Desafiando os Catedráticos", juntamente com Menotti Del Picchia e Monteiro Lobato. Os ouvintes telefonavam fazendo perguntas para que o trio respondesse. Anita inicia estudos com o pintor acadêmico Pedro Alexandrino  no ano de 1919, e também com o alemão   George Fischer Elpons  um pouco mais avançado do que o velho mestre das naturezas mortas. Foi nessa ocasião que conheceu  Tarsila do Amaral  que tinha aulas com os mesmos professores. Depois do pai, o tio Jorge Krug, que a havia ajudado tanto, também faleceu e Anita precisou buscar caminhos para vender suas obras. Pedro Alexandrino já era um pintor de renome e vendia com facilidade seus trabalhos.

A Semana de Arte Moderna de 1922

Após o período de recesso, a  Semana de Arte Moderna,  mais uma vez, movimentou a vida artística insípida de São Paulo. Anita participou dela com 22 trabalhos. Uma vez que o círculo modernista vinha ao encontro de suas aspirações artísticas, ela entraria também para o  grupo dos cinco.

A Europa nos loucos anos 

Anita embarcava mais uma vez, em viagem de estudos para  Paris.  Seriam cinco anos de estudos pela bolsa do Pensionato. Este seria o último e o seu mais longo período fora do Brasil. Em agosto de 1922, ela tinha 33 anos e embarcava no vapor Mosella rumo à França. Mário de Andrade que não conseguiu chegar a tempo da partida de Anita e enviou-lhe um telegrama de desculpas. Apesar das muitas dúvidas que ainda tinha em relação a que caminho seguir na sua arte, não deixou de produzir.

Brasil, 1928

No final de setembro de 1928 Anita já se encontrava no Brasil. O ambiente artístico encontrado por Anita na volta era diferente do que deixara em 1923; o grupo inicial evoluíra, surgiam novos adeptos e novos movimentos. O número de artistas plásticos também crescera. Na chegada, Mário de Andrade noticiou imediatamente sua chegada, relembrando quem ela era.
Em 1929 abria em São Paulo sua quarta individual. Depois de fechar sua exposição, até 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar. Retomou suas aulas na Escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College. Em 1933, muda-se para a Rua Ceará, no bairro de  Higienópolis,  onde instala seu ateliê e dá aulas, inclusive para Oswald de Andrade Filho, onde permanece até 1952, com a venda da casa, em razão da morte de sua mãe.


Cemitério dos Protestantes - Consolação



Em 6 de novembro de 1964, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Anita Malfatti morreu. Está sepultada no  Cemitério dos Protestantes,  na Rua Sergipe, número 117, bairro da Consolação, São Paulo.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Oswald de Andrade









José Oswald de Sousa de Andrade, nome completo de Oswald de Andrade,  (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 - São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um escritor, ensaista e dramaturgo brasileiro.
 Era filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa de Andrade (irmã do escritor Inglês de Sousa), 
 Formou-se em Direito no  Largo São Francisco  em 1919. Foi um dos promotores da  Semana de Arte Moderna  que ocorreu 1922 em  São Paulo,  tornando-se um dos grandes nomes do  modernismo  literário brasileiro. Ficou conhecido pelo seu temperamento "irreverente e combativo", sendo o mais inovador entre estes. Colaborou na  revista Contemporânea  (1915-1926). De  1926 a 1929  foi casado com  Tarcila do Amaral , de 1930 a 1935  foi marido de  Pagú.


Oswald no Modernismo Brasileiro 

Um dos mais importantes introdutores do  Modernismo no Brasil,  foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o  Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto  Antropófago,  bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência romântica,  Pau-Brasil. 
Muito próximo, no princípio de sua carreira literária, de  Mário de Andrade,  ambos os autores atuaram como "dínamos" na introdução e experimentação do movimento, unidos por uma profunda amizade que durou muito tempo.
Porém, possuindo profundas distinções estéticas em seu trabalho, Oswald de Andrade foi também mais provocador que o seu colega modernista, podendo hoje ser classificado como um polemista. Nesse aspecto não só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram para moldar o ambiente modernista da  década de 1920 e 1930. 
Foi um dos interventores na  Semana de Ate Moderna de 1922.  Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência política do país colonizador  Portugal,  e por outro consequentemente, havia uma necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era se sentir brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo, procurava-se aquilo que o filósofo alemão  Herder,  no final do século XVIII, já havia definido como "alma nacional" (Volksgeist).
Esta necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro como um todo vai a par com as vanguardas europeias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo.
Na sua busca por um caráter nacional (ou falta dele, que Mário de Andrade mostra em  Macunaíma),  Oswald, porém, foi muito além do pensamento  romântico,  diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte, Oswald voltou-se contra as formas cultas e convencionais da  arte.  Fossem elas o romance de idéias, o teatro e a tese,  o  naturalismo, o  realismo, o racionalismo e o parnasianismo  (por exemplo  Olav Bilac),  Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas,  primitivas,  ou um certo abstracionismo geométrico  latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da  técnica.
Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris,  na época do  Futurismo e do Cubismo,  que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a  africana ou a polinésia,  estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa  industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos. Oswald percebeu que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas  autóctones  dos índios até a  cultura negra  representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um certo  primitivismo  e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.


Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924)


O  Manifesto da Poesia Pau-Brasil  é do mesmo ano que o  Manifesto Surrealista de André Breton , o que reforça a tese de que o Brasil estava a acompanhar plenamente o movimento das vanguardas mundiais. Tinha deixado definitivamente de ser uma forma de expressão pós-portuguesa para se afirmar plena e autonomamente. Neste manifesto Oswald defende uma poesia que seja ingênua, mas ingênua no sentido de não contaminada por formas preestabelecidas de pensar e fazer arte. “Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem pesquisa etimológica. Sem  ontologia". 
O manifesto desenvolve-se num tom de paródia e de festa, de prosa poética  pautada com frases aforísticas. Nele se expressa que o Brasil passe a ser uma cultura de  exportação,  à semelhança do que foi o produto  pau-brasil,  que a sua poesia seja um produto cultural que já não deve nada à cultura europeia e que antes pelo contrário pode vir a influenciar esta. Oswald defende uma  poética  espontânea e original, as formas de arte estão dominadas pelo espírito da imitação, o  natunarislismo  era uma cópia balofa. "Só não se inventou a máquina de fazer versos — já havia o poeta parnasiano". Afirma assim uma poesia que tem que ser revolucionária. "A poesia existe nos fatos". “O trabalho contra o detalhe naturalista — pela síntese, contra a morbidez romântica. — pelo equilíbrio geômetra, e pelo acabamento técnico, contra a cópia, pela invenção e pela surpresa”.
Talvez não seja muito errado afirmar que este manifesto poderia ser considerado como um  futurismo  tropicalista. “Temos a base dupla e presente — a floresta e a escola. A raça crédula e dualista e a  geometria, a álgebra e a química  logo depois da mamadeira e do chá de erva doce...”
O manifesto propõe, sem perder o humor e a ingenuidade, a descolonização de seu país pelas vias de um levante popular, e acima de tudo negro, quando expõe uma sugestão de  Blaise Cendrars  : "– Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino".

Manifesto Antropófago (1928)


O  Manifesto Antropófago  foi publicado no primeiro exemplar da  Revista de Antropofagia.  Os exemplares desta publicação eram numerados como primeira dentiçãosegunda dentição, etc.
Este  manifesto  constitui-se numa síntese de alguns pensamentos do autor sobre o Modernismo Brasileiro. Inspirou-se explicitamente em  Marx, Freud, André Breto, Montaignes e Rousseau  e atacava explicitamente a missionação, a herança portuguesa e o padre  Antônio Vieira : "Antes de os portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade; Contra  Goethe  [que simboliza a cultura clássica europeia]". Neste sentido, assina o manifesto como tendo sido escrito em  Piratininga  (nome indígena para a  planície  de onde viria a surgir a cidade de  São Paulo),  datando-o esclarecedoramente como "ano 374, da Deglutição do  Bispo Sardinha ", o que denota uma recusa radical, simbólica e  humoristicamente, do calendário gregoriano  vigente.
Por outro lado, a técnica de escrita explorada no Manifesto, bem como em todos os poemas mais significativos do autor antes e após este, aproximam-se mais das chamadas  vanguardas  positivas, mais construtivas que o Surrealismo de Breton e continuam propondo uma língua nacional diferente do português. O desejo de criar uma língua brasileira se manifestaria em sua obra, principalmente, por um vocabulário popular, explorando certos "desvios" do falante brasileiro (como sordado, mio, mió), intentando o "erro criativo". Este sonho somente se pareceria concretizar posteriormente, no entanto, na prosa de  Guimarães Rosa  e na poesia de  Manoel de Barros.
Há várias ideias que estão implícitas neste manifesto, em que Oswald se expressa de maneira poética. Essas não são exploradas sistematicamente. Uma destas ideias é o manifesto antropofágico,  antropofagia  que é diferente de  canibalismo,  pois nas sociedades tribais/tradicionais antropofágicas, o nativo comia da carne do nativo de outra tribo acreditando estar assimilando o que este tinha de bom. Geralmente o guerreiro se alimentava de outro guerreiro forte, nunca de um guerreiro fraco, pois senão as suas características ruins seriam assimiladas. O canibal por sua vez se alimenta do outro ser humano por  nutrição.  A literatura brasileira sempre teve essa crise de identidade, assim como muitas literaturas de países que já foram colonizados, pois não se sentem pertencentes aos nativos nem aos colonizadores. Oswald, então, resolve esta questão, com a explicação que devemos ser antropofágicos com a cultura europeia, pois devemos comê-la e digerir tudo aquilo que ela tem de bom, devolvendo isso na forma de uma produção superior, com muito senso de humor e crítica: "Perguntei a um homem o que era o  Direito.  Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Matias. Comi-o."
Outra ideia avançada é a de que a maior revolução de todas vai se realizar no Brasil: "Queremos a revolução Caraíba".
Outra ideia é a de que o Brasil, simbolizado pelo índio, absorve o estrangeiro, o elemento estranho a si, e torna-o carne da sua carne, canibaliza-o. Oswald, metaforicamente, recusa as "religiões do meridiano" que são aquelas de origem oriental e  semita  que deram origem ao  cristianismo.  Sendo a favor das religiões indígenas, com a sua relação direta com as forças cósmicas.
O manifesto insiste muito nas ideias de  Totem e Tabu,  expressas em um trabalho de  FReude de 1912.  Segundo Freud o Pai da tribo teria sido morto e comido pelos filhos e posteriormente divinizado. Tornado Totem e por isso mesmo sagrado, consequentemente criaram-se interdições à sua volta.
Citando o manifesto: "Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem." A antropofagia segundo Oswald é uma inversão do mito do bom selvagem de  Rousseau,  que era puro, inocente, edênico.  O índio passa a ser mau e esperto, porque canibaliza o estrangeiro, digere-o, torna-o parte da sua carne. Assim o Brasil seria um país canibal. O que é um ponto de vista interessante porque subverte a relação colonizador (ativo)/colonizado (passivo). O colonizado digere o colonizador. Ou seja, não é a cultura ocidental, portuguesa, europeia, branca, que ocupa o Brasil, mas é o índio que digere tudo o que lhe chega. E ao digerir e absorver as qualidades dos estrangeiros fica melhor, mais forte e torna-se brasileiro.
Assim o Manifesto Antropófago, embora seja nacionalista não é xenófobo, antes pelo contrário é xecanofágico: "Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago." Por isso, o antropófago Oswald seria um vanguardista, e teria sido o primeiro brasileiro, cronologicamente, a influenciar o movimento literário brasileiro de maior repercussão internacional, o concretismo, bem como, talvez indiretamente, ao poeta brasileiro mais aclamado nos círculos literários da atualidade, Manoel de Barros, o qual se diz um poeta da "vanguarda primitiva".


Falecimento

Túmulo onde foi sepultado Oswald de Andrade, no cemitério da Consolação.
Faleceu aos 64 anos e foi sepultado no túmulo da família, no  Cemitério da Cnsolação,  junto aos seus pais e avô.