domingo, 30 de março de 2014

Área Paulista - Carla Caffé

Carla Caffé é arquiteta, desenhista e se dedica ao teatro e ao cinema. Editou coluna semanal na Folha de São  Paulo. Já expôs na 4a. Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e na Pinacoteca do Estado de SP. No cinema, fez direção de artes nos filmes Central do Brasil, Bossa Nova e Narradores de Javé.
No teatro, trabalhou com Antunes Filho, Companhia de Ópera Seca e Teatro Oficina.
É autora dos livros Av. Paulista ( Cosa Naify e SESC edições 2009) e São Paulo na linha (DB2 000 ).

"Na exposição Área Paulista, realizada na Passagem Literária da Consolação, Carla foi de uma ponta à outra da avenida Paulista, a trilha aberta ao longo da grande linha vertebral da cidade, de onde, à esquerda e à direita, descaem as encostas até se acomodarem em planaltos, compondo os vales por onde correm os dois principais rios, que atravessam. Da Bernardino de Campos, à Praça dos Arcos, ela percorreu anotando, registrando, examinando, esboçando, bosquejando, recortando, decupando, ou seja, empregando grande parte dos verbos que compreendem DESENHAR.
Foi representando excertos de construções notáveis por suas peculiaridades, arquiteturas e situações que, aqueles que vivem em São Paulo ou simplesmente vivenciaram essa avenida em algum tempo, percebem-lhes amadas, embora até esse momento a maioria não soubesse disso. A prova do afeto é que  eles a reconhecerão de imediato e, como acontece, se reconhecerão nesse reconhecimento.

Uma cidade é feita de natureza e história.

E é desse chão variado que a artista, estudando a avenida símbolo da cidade, fez irromper uma sequência cinematofgráfica de edificações que também são florações encorpadas, arbóreas, densas ou diáfanas.
Desfilam aos nossos olhos, edifícios como o Cacique, o primeiro da série, à entrada do Parque Trianom passando por uma típica banca de jornal, uma vista do paredão grafitado do "Buraco!, a passagem subterrânea de onde se acede à Rebouças e à Av. Dr. Arnaldo, o surpreendente MASP com seus pilares exaltadamente vermelhos emoldurando um grupo das pinturas de seu acervo, a fachada orgulhosamente longitudinal do Nações Unidas, um bloco apoiado por dois conjuntos de pilares e encimado por uma laje perfurada por círculos de tamanhos diversos, sem outra função que não a ornamental; até mesmo uma vista, não da fachada do prédio, do resto, uma arquitetura vulgar, dos interiores dos cinemas Gemini 1 e 2, hoje desaparecidos, mas que sobretudo quando da sua inauguração, encantaram o público com o colorido vivo e contrastante de suas poltronas, paredes e carpetes.

Carla Caffé captou com linhas e cores aquilo que o acaso construiu, o lance de dados produzidos pela urdidura de signos projetados ou não, as provas de uma beleza quase secreta e que ela conseguiu decifrar".
Agnaldo Farias.

Carla  Caffé está ministrando o Curso DESENHO - INTRODUÇÃO, no Sesc Pompéia.
Seu objetivo será estimular o uso da linguagem do desenho para investigar, representar e anotar as percepções do dia a dia e da paisagem ao redor. Por meio do desenho de observação e da prática do diário, as aulas têm como fio condutor e a criatividade de cada aluno. Periodicamente haverá trabalhos com modelo vivo para aprimorar  o desenho de observação e a representação da figura humana.
Fico lisonjeado em fazer parte desta turma/2014.

Texto : Agnaldo Farias
Fotos  : Manoel de Brito

Imagens da Exposição Área Paulista :  Carla Caffé


                                                                       Carla Caffé



                                                                
                                                                 Av. Paulista -  1902




 
Av. Paulista, 2014
 
 
                                       
 Museu de Arte  de São Paulo -  arquiteto Lina Bo Bardi - ano de inauguração 1968


Museu  de  São Paulo -  Av. Paulista, 1578
 
 
Cond. Conjunto Nacional - arquiteto David Libeskind - ano de inauguração 1958

 
  Cond. Conjunto Nacional - Av. Paulista, 2073
 
 
Casa das Rosas - arquiteto Ramos de Azevedo - ano de inauguração 1935
                              
 
 
                                                              Casa das Rosas -  Av.  Paulista, 37

 
Casa de Joaquim Franco de Mello - arquiteto Antonio Fernandes Pinto - ano de inauguração 1905

 
Casa de Joaquim Franco de Mello - Av. Paulista, 1919
 
 
FIESP - arquiteto Rino Levi - ano de inauguração 1979
 
 
FIESP - Av. Paulista, 1313

 
 
Itaú Cultural - arquiteto Ernest Robert de Carvalho Mange - ano de inauguração 1995
 
 
 
 Itaú Cultural - Av. Paulista, 1313
 
 
Edifício Casper Líbero - arquiteto Celso José Maria Ribeiro - ano de inauguração 1966

 
Edifício Casper Líbero - Av. Paulista, 900
 


 
 
 



quarta-feira, 5 de março de 2014

O Brasil no século da Arte - A Coleção MAC - Museu de Arte Contemporânea

MAC -  Museu de Arte Contemporânea

Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301

Conhecer o MAC é conhecer sua história, e, antes de tudo, entrar em contato com as obras que constituem o corpo de sua coleção.

Na realidade do museu contemporâneo, o olhar cerimonioso que vislumbra um acervo como patrimônio imortal, imponente e distante, deve ser substituído pela noção de arte como algo integrado a um sistema cultural e, particularmente, como matéria viva e instrumental, fonte de exercícios de fruição, de prazer e questionamento, rejeição e embate.
Arte, afinal, já dizia o crítico Mário Pedrosa, é exercício experimental de liberdade.

A coleção do MAC não se caracteriza, de fato, pela comtemporaneidade que define seu nome. Referência internacional no universo artístico, ela possui cerca de 8.000 obras que acompanham a produção do século 20, no Brasil e no mundo ocidental, concentrando-se preponderantemente na primeira metade do século e tornando-se mais rarefeita em relação à última década.

Eis o convite para uma visita labiríntica e compempânea, onde signos visuais cresçam e se expandam nos sentidos do observador.


MAC - Museu de Arte Contemporânea



 
Amadeo Modigliani

 
Alfredo Volpi


                                                          Alfredo Volpi - Bandeirinha 1958

 Picasso






terça-feira, 4 de março de 2014

A gente não quer só comida - exposição

Mostra apresenta obras que usam os alimentos para tratar de questões mais amplas.

Sesc Pinheiros


  O tema de Food : Reflexões sobre a Mãe Terra, Agricultura e Nutrição, no Sesc Pinheiros, está longe de abstrações conceituais, apesar do extenso título. As obras focam comida. E ponto. É interessante notar como ela aparece de maneiras tão distintas, através do olhar  de cada um dos dezesseis artistas convidados.
O carioca Ernesto Neto encheu de sementes suas conhecidas redes coloridas penduradas, simbolizando a vida. Com base na idéia de que dividir o pão é um sinal de hospitalidade, o romeno Mircea Cantor inverteu essa relação ao acrescentar facas à sua instalação Stranieri. Uma referência ao preconceito enfrentado por seus conterrâneos dos vizinhos europeus.
Supermercado, do paulistano Eduardo Srur, reproduz o ambiente de compras. Em um vídeo o artista  surge se lambuzando com pacotes de produtos industrializados. Seu objetivo : criticar os impulsos  de consumo. Essa instalação foi selecionada para a próxima edição da mostra.






Museu da Energia de São Paulo

Alameda Cleveland, 601 - Campos Elísios - São Paulo






O Museu da energia de São Paulo é um espaço aberto para discussões sobre a história da energia, desenvolvimento de tecnologias do setor energético e suas relações com a sociedade e o meio ambiente. Localizado no bairro de Campos Elísios, região  central da capital paulista, o casarão que abriga o museu foi construído em 1894 e tem projeto assinado pelo arquiteto Ramos de Azevedo.





 
O casarão onde está instalado a unidade paulista do Museu da Energia possui mais de 120 anos de história e é um importante testemunho das transformações da cidade de São Paulo de fins do século XIX até os dias atuais.
 
Erguido por Ramos de Azevedo entre 1890 1894, no bairro paulistano de Campos Elísios, para Henrique Santos Dumont ( 1857-1919), a imagem dialoga  com a sua época. Nela, inseridos como se fossem os mais rescentes membros da família, os Peugeot importados da França por Alberto Santos Dumont ( 1873-1932) , refletem o progresso, a multiplicação das invenções técnicas, a determinar uma nova dinâmica.
 
Tirada em 1900, esta foto é emblemática do período. Ela reproduz o espírito do seu tempo na tensão entre ruptura e continuidade, entre as tradições e o desejo de mudança.
Em uma cidade de pouco mais de 240 mil habitantes e 84 automóveis contabilizados em 1904, tais conquistas tecnológicas remetiam a um mundo em profunda metamorfose. Nele, o homem abandonava o campo e produzia veículos para aposentar as charretes, motores para acelerar o ritmo das fábricas, lâmpadas elétricas para iluminar as avenidas recém-abertas e máquinas voadoras para encurtar distâncias. Mas não bastava inventar, era preciso imortalizar os símbolos do avanço.
Surgem as câmaras escuras, capazes de congelar um momento  como o da família Santos Dumont.
 
 
Santos Dumonte com sua sobrinha.