sábado, 14 de novembro de 2015

Escultura de Borba Gato produzida por Júlio Guerra.

Em 1935, a cidade de Santo Amaro tornou-se um bairro de São Paulo.

No ano d 1935 os moradores de Santo Amaro, melhor dizendo, aqueles que eram filhos da terra, deviam estar enfrentando um sério conflito de identidade, Foi como se estivessem ido para a cama ostentando uma nacionalidade e acordado com outra.
Em outras palavras : da noite para o dia, pelo menos oficialmente, deixaram de pertencer a uma cidade autonôma, que fora seu berço, contígua à capital paulista, para se tornarem compulsoriamente paulistanos. Diante disso, que hino cantar ? que bandeiras honrar ? Que tradições homenagear ? Que datas civicas  reconhecer ?

O escultor Júlio Guerra ( 1912-2001), pertencia ao bairro de Santo Amaro.

É possível que seu esforço para manter viva dentro de si a memória do Bairro tenha a ver com a colossal estátua do bandeirante Borba Gato ( 13 m de altura e 20 toneladas de peso) que ergueu na confluência das avenidas Santo Amaro e Adolfo Pinheiro, as mais importantes do bairro, inaugurada em 1963 para registrar o quarto centenário santamarense.



E aqui, é necessário esclarecer a representação simbólica do monumento instalado ali. Manuel de Borba Gato ( 1649-1718 ), sogro de Fernão Dias, casado com sua filha, Maria Leite, tornou-se por muito tempo, uma espécie de senhor daquela região, assumindo, no imaginário popular, o posto de guardião de Santo Amaro, um povoado que começou com José de Anchieta por  volta de 1556. Portanto, Borba Gato continua protegendo o lugar, pois o bairro tem início exatamente  onde suas botas pisam.

Publicação "Revista do Historiador"
edição 179 - julho e agosto de 2015.

 
 
A altivez da escultura sugere que o bandeirante esteja avisando : para entrar aqui e que falar comigo !
A estátua,  à semelhança da personagem Geni, na canção de Chico Buarque, parece ter nascido para alimentar chacotas de pseudos estetas que tiveram repercursão na mídia. Inocularam nela amarca do mau gosto, kitsch, como se diz, palavra de origem alemã para designar, em vocabulário estético, gostos vulgares. Talvez o equíco tenha nascido porque Júlio, em vez de tomar o caminho convencional do bronze, como seria de esperar, optou por concreto armado. Existe opção de ver sua arte em bronza na bela "Mãe  Preta", no Largo do Paissandú, lá inaugurada em 1954 por ocasião do IV Centenário paulistano.
Resta dizer que, numa tentativa de materializar, na linha do tempo, a simbiose entre o bandeirante e suas terras - um arroubo típico de artista - aplicou no interior da escultura, a título de vigas de sustentação, trilhos dos extintos bondes de Santo Amaro. Há uma evidente analogia entre as trilhas das bandeiras e os caminhos de ferro.








sábado, 31 de outubro de 2015

Estação Júlio Prestes - Monumental como São Paulo



Inspirada nos terminais nova-iorquinos Grand Central e Pennsylvania, a monumental Estação Júlio Prestes foi projetada pelos arquitetos Cristiano Stockler das Neves e Samuel Neves, em 1925, inaugurada 13 anos depois. Com 25 mil metros quadrados, a construção tem estrutura de concreto e alvenaria de tijolos, no estilo  eclético, com influências do Luís XVI.

Alguns ambientes têm vitrais de Conradado Sorgenicht, as escadarias são revestidas de mármore e peitoris de ferro fundido. Nas áreas de circulação o piso é de mosaico e, nos demais ambientes, de madeira. Parte da Estrada de Ferro Sorocabana, a obra substituiu o prédido da  Estação São Paulo, fundada em 1872 e aberta em 1875.

O nome se manteve até 1951, quando passou a se chamar "Júlio Prestes". Atualmente, é o ponto de partida da linha 8 Diamante da CPTM, que vai para Itapevi.

Abriga ainda a Sala São Paulo, a casa de concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSEP), considerada a naior da AméricaLatina.











sábado, 24 de outubro de 2015

ConCiência - exposição de Patrícia Piccinini

O  Centro Cultural do Banco do Brasil está realizando a exposição ConCiência até 04/01/2016.

Para trazer a questão das mutações genéticas para o território da arte, a artista australiana Patrícia Piccini se utiliza do realismo como linguagem, apresentando ao espectador um universo de criaturas desconhecidas, porém palpáveis e surprendentemente afetuosas. A mostra propõe  ao público um percurso narrativo entre esculturas, desenhos, fotografias e vídeos.

Curadoria : Marcello Dantas


 
 
 
 
 
 
 







 





 


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Frida Kahlo

Instituto Tomie Ohtake
Rua Coropés, 88 - até 10 de janeiro de 2016


Trinta trabalhos de Frida Kahlo são apresentados na mostra Conexões entre Mulheres Surrealistas no México, ao lado de telas de outras dezesseis artistas que fortemente  influenciadas pelas obras de Frida.

Os autoretratos da mexicana são o ponto alto da exposição. Entre eles estão Autoretrato com Monos, no qual ela se pinta ao lado de macacos de estimação, e Diego em Mi Pensamiento, em que seu marido, Diego Riviera, o maior muralista da  história do México, aparece desenhado em sua testa.

Penduradas em paredes de cor verde, as peças tornam-se ainda mais vibrantes.
Fique de olho nas molduras elegantemente trabalhadas. Os textos explicativos abordam as simbologias frequentes nas obras, como os valores eróticos e femininos presentes em natureza-mortas.



Instituto Tomie Ohtake



 





 













sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Viaduto 9 de Julho

O mirante sobre o túnel 9 de julho, que é virado para a região central, está sendo recuperado e vai abrigar a partir de agosto/15, café, espaço cultural e para eventos.

O casarão Belvedere Trianon, local onde a elite se reunia para fazer eventos no  começo do século 20, foi demolido para a construção do Masp, nos anos 1950. O espaço que restou - de mais de 400 m2 Sobre a avenida 9 de Julho e atrás do museu - está sendo recuperado para se tornar um novo ponto de encontro dos paulistanos.


Construção do Viaduto 9 de Julho em 1920.
 
 



 
Concedido pela prefeitura a empresários para a revitalização, o local - cujo acesso é feito para quem vem da avenida Paulista pela rua Professor Otávio Mendes - está passando por uma grande reforma e vai se chamar Mirante 9 de Julho.
 
A reforma que prevê ainda a revitalização do entorno, se dará em três fases. A primeira vai recuperar a parte interna do mirante, de 230 m2., a ser entregue neste mes de agosto.
 
Depois será a vez dos chafarizes da 9 de julho. A última etapa é a construção de estrutura metálica com vidro em cima da laje do mirante, que funcionará como galeria.
 
 
 
Dentro do salão do mirante serão instalados um balcão de madeira em cada ponta. No outro, um restaurante. Um espelho será colocado na ponta do café de modo a refletir as colunas originais, dando a sensação de infinito. O miolo do salão vai permitir tanto uma exposição quanto uma festa. Antes da construção da contrução da galeria sobre a laje, haverá exibições de filme em um telão instalado abaixo do viaduto Professor Bernardino Tranchesi. A escadaria de acesso à laje vai funcionar como platéia. A idéia de transformar um espaço esquecido pelos paulistanos em um centro cultural começou há dois anos.
"O local estava pintado de azul, vermelho e amarelo, tinha tapumes e casinhas dentro. Quinze pessoas moravam lá", conta o arquiteto Marcos Paulo Caldeira, da MM18.
Guerra explica que conheceu o mirante há dez anos. "É um espaço muito importante para a história da  cidade e fica perto do maior cartão-postal. É como encontrar um lugar abandonado ao lado da torre Eifel."
Para a inauguração, ainda falta iluminação e mobiliário. O interior está sendo feito pelo diretor de arte Frank Dezeuxis. Ele explica que a concepção não vai interferir na história do local.
Para a revitalização dos chafarizes, que fica embaixo, na avenida 9 de Julho, será recuperado o projeto original, sem o jardim, só com calçadão e iluminação de LED. As fontes na avenida foram reformadas em 2006, pelo então prefeito José Serra. Menos de três meses depois, elas já estavam deterioradas. Hoje, não funcionam.
História :
Parte remanescente da primeira fase de ocupação residencial da avenida Paulista, o Belvedere Trianon era o local onde a elite fazia eventos. Quando projetou a avenida, inaugurada em 1981, o engenheiro Joaquim Eugênio de Lima reservou mais ou menos na metade da avenida para um belvedere (mirante, em itliano).
O local tinha vista para o centro da cidade e para o vale do riacho Saracura, "onde mais tarde seria riscada a avenida 9 de julho"., segundo o historiador Roberto Pompeu de Toledo, no seu mais recente livro, "A Capital da Vertigem".
O arquiteto, historiador e professor da FAU-USP Benedito Lima de Toledo conta que, "quando o tempo estava bom", ia lá ver a cidade.
"O terraço em forma de semicírculo era muito acolhedor", descreve.
Segundo levantamento do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico), o espaço começou a ser construído em 1912, a partir de projeto de Ramos de Azevedo, que também foi o responsável pela execução da obra.
A inauguração foi em 1916. Para a construção do Masp, ele foi demolido. "A condição era preservar a vista", relembra Toledo.
Depois de ficar 20 anos no auge, nos anos 1930 O Belvedere começou a ser abandonado, ficando sem conservação e manutenção.
 
 
 
 
 
 


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Parque da Luz - Pérola da cidade de São Paulo

Tombado como patrimônio histórico, o Parque da Luz é o mais antigo da cidade de São Paulo.




Em frente a magnífica e histórica Estação da Luz, na região central de São Paulo, e ao lado  da Pinacoteca, é possível avistar o Parque da Luz, um pedaço de lazer e área verde pouco explorado - e talvez subestimado - por parte dos paulistanos.
Com uma área de 113 mil metros quadrados, o parque possui uma enorme variedade de fauna e flora.

Originalmente criado como Horto Botânico por uma Ordem Régia da Coroa Portuguesa, em 1798, apenas em 1825 foi aberto ao público como Jardim Público da Luz.
É o mais antigo parque público da cidade e foi tombado como patrimônio histórico pelo CONDEPHAAT  ( Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico. Arqueológico, Artístico e Turístico ) em 1981.

Ao longo das primeiras décadas de existência foram feitas várias reformas e melhorias, como a instalação do coreto e das fontes.
Em 1865, com a inauguração da estação ferroviária, o parque passou a ser um dos principais espaços de lazer dos paulistanos da época.

A  fase de decadência teve início nos anos de 1930, quando o zoológico foi desativado e as grades que circundavam o Jardim foram retiradas para facilitar o acesso da população aos trens - por muitos anos, o local serviu de zona de prostituição e tráfico de drogas.

Apenas em 1998, quando foi incorporado pela Pinacoteca do Estado, passou por um processo de revitalização e melhorias, com a instalação de esculturas. O parque atualmente abriga cerca de 50 peças que integram o acervo da Pinacoteca do Estado, com obras dos artistas Victor Brecheret. Léon Ferrari, Amilcar de Castro, José Resende, Marcelo Nietsche e outros.



Segundo a Prefeitura de São Paulo, o parque apresenta uma vegetação composta por mais de 165 espécies, espalhadas pelos bosques e jardins, como alecrim-de-campinas, andá-açu, corrticeira, jenipapo, magnólia-branca, manila copal, oiti, pau-marinheiro, pau-ferro, sapucaia e sol-da-mata.
Há também cerca de dez espécies ameaçadas, como cabreúva, cambuci e palmito-jussara.
Essa diversidade atrai muitas aves, tais como socó-dorminhoco, irerê, martim-pescador, periquitos, maracanãs, e papagaios. Neste local já foram identificados mais de 73 espécies, da qual 67 são aves.
No parque, há também a presença da ilustre população de bicho-preguiça, que habita a região desde o final do século XIX, e, segundo a Prefeitura, é uma herança do extinto zool[ogico paulistano.



 
O Parque da Luz é um passeio para a família, principalmente aos domingos, quando funciona a ciclofaixa do circuito Paulista/Centro, das 7h às 16h.
Além do playground para as crianças, há um aquário subterâneo, redescoberto no ano de 2000.