segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Museu Dançante - exposição

MAM - Parque do Ibirapuera - portão 3
até 20/03

A proposta desta exposição que levou a São Paulo Companhia de Dança para dentro do MAM chama atenção pela originalidade. Saltos e Piruetas são apresentados entre obras de arte - elas funcionam como cenário - e convidam os visitantes a interagir. Três dias por semana, o grupo ensaia em um palco montado em uma das salas e, aos domingos, uma performance completa é exibida. É permitido aproximar-se dos bailarinos e acompanhar o processo criativo deles, além de observar os tropeços e as brincadeiras típicas  dos bastidores.
"Queríamos estimular o público a estabelecer uma relação mais corporal com a arte, que não fosse só contemplativa", diz o curador  Felipe Chaimovich. A conquista é mais aparente quando os integrantes da companhia vão para dentro da mostra. Nos dias em que não há performances, a projeção de espetáculos antigos e de um documentário ocupa o espaço.











quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Tomie Ohtake

Quando entrei na sala com 25 litogravuras feitas por Tomie Ohtaka, em 1972, tendo boa parte delas sido apresentadas pela primeira vez em Veneza, na mostra gráfica D'OGGI, logo pude estranhar a quantidade e vitalidade das cores utilizadas e me perguntei, de onde elas saíram.

Essa é uma pergunta  legítima e que pode começar a ser justificada pelo fato de que  desde a chegada da abstração no Brasil, no começo de 1950, é difícil encontrar cores tão vibrantes e variadas - cores tão artificiais na pintura. A dúvida também pode aparecer, porque suas combinações são inusitadas, raras até na produção prévia de Tomie Ohtake, como as pinturas que traziam quase sempre alguma área mais discreta ao olhar ( um fundo de cor neutra, uma área sem contrastes).

Esse conjunto chama a atenção para um aspecto pop da obra da artista, como se suas cores sintéticas refletissem uma parcela de cultura do momento.

Como poderia a onda hippie e ácida entrar em seu silencioso ateliê ?A psicodélia da época poderia se misturar com as associações feitas com a artista nipo-brasileira que deixou, principalmente  em São Paulo, tantas obras maravilhosas.

Manoel de Brito, São Paulo 12 de fevereiro de 2015.














quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Carlos Bracher - retrospectiva apresenta quase seis décadas de carreira em telas que transbordam intensidade

Pinceladas dramáticas


Parte do ateliê instalado logo na entrada do Centro Cultural do Banco do Brasil convida o visitante a conhecer um pouco da intimidade de Carlos Bracher. Além de exibir objetos pessoais, como um sofá e uma TV, o local revela os discos que o artista plástico mineiro, de 74 anos, ouve enquanto está pintando. As canções de Bach, Beethoven e Verdi são tocadas nas salas da exposição e funcionam como trilha sonora da  retrospectiva Bracher - Pintura & Permanência, que apresenta noventa obras realizadas ao longo de seus quase sessenta anos de carreira. As pinceladas dramáticas, marca de sua produção, aparecem nos mais diversos temas. Das  naturezas-mortas aos retratos, passando pelas paisagens, muitas delas de seu estado natal, como Panorâmica de Mariana ( 2005 ). Sem o bucolismo com que Minas Gerais costuma aparecer nas telas, Bracher deixa transparecer intensidade até quando pinta cenas banais. Os grossos e expressivos traços são especialmente interessantes quando  dedicados a reproduzir as linas de Brasília, imprimindo vivacidade ao cenário tradicionalmente frio.
A caprichada montagem conta ainda com uma reprodução da residência onde ele cresceu, um oásis artístico em Juiz de Fora, e uma sala interativa.Nela, um computador transforma o movimento corporal do público em coloridos digitais.







terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Obelisco do Largo da Memória de São Paulo - o jovem Bicentenário


                                                              Largo da Memória 1814



 

                                                                Largo da Memória 2015  


Considerado o primeiro monumento da cidade de São Paulo, o Obelisco do Largo da Memória completou em 18 de outubro, 200 anos. Com previsão de restauro para 2015 e atividades culturais, o evento foi comemorado com apresentações de danças, teatro, música, circo, estátuas vivas e intervenções urbanas.
A recuperação do Largo e do Obelisco tem previsão para o ano que vem que terá a restauração dos azulejos que compõe o painel ornamental, tratamento paisagístico, reativação da fonte e melhoria da iluminação local. Ponto histórico e turístico da cidade, fica entre as ruas Coronel Xavier de Toledo e Quirino de Andrade, próximo ao Vale do Anhangabaú.

Onde Tudo Começou. Criado em 1814, foi ponto de encontro entre moradores da região central e também caminho dos viajantes, que paravam ali para se reabastecer da água da bica que existia.
No mesmo ano, o engenheiro Daniel Pedro Müller foi encarregado de construir a Estrada do Piques, que ligava São Paulo às cidades do interior. Com isso, o engenheiro formou também um largo e ali construiu um chafariz, complementando com o Obelisco que representava a memória pelo zelo do bem público.

Perdendo a Relevância. Quando a estrada de ferro se instalou na Estação da Luz, o Largo deixou de ser a porta de entrada da cidade. As tropas de mercadorias perderam sua importância ante os novos meios de transporte.

O chafariz também foi transferido para a região da Estação da Luz, que lá se tornou o local de circulação de cargas.

Sem o chafariz, o Largo perdeu sua relevância, mas a partir de sua construção algumas modificações foram feitas, como a plantação de uma figueira que foi considerada a árvore mais conhecida de São Paulo. Desde então, teve apenas alguns galhos cortados devido à construção da Estação de Metrô Anhangabaú.

Em 1919, como uma das comemorações do centenário da Independência do Brasil, iniciou-se uma reforma, com a construção de novo chafariz, escadarias e um belo pórtico de azulejos com o brasão da cidade, obras que seriam concluídas a tempo das comemorações em 1922.

Centro Novo. Após a reinauguração de muita pompa, o local voltou a ser um dos principais monumentos de São Paulo, onde era conhecido como "centro novo", por muitos anos.
Hoje, o Largo, infelizmente, não tem a mesma importância e está degradado. Acabou se transformando em um local malcheiroso, abandonado, perigoso e servindo de abrigo para moradores de rua.

Devido ao transcurso do seu bicentenário, a Prefeitura de São Paulo, por meio do Departamento do Patrimônio Histórico - DPH decidiu realizar uma obra para a reparação dos danos causados pelo tempo. A reforma prevê a reativação do chafariz e a restauração dos azulejos que são hoje, pichados.

Com isso, o objetivo do monumento, partindo dele para a revalorização também de outros pontos turísticos da cidade mediante projeto de restauro e conservação de monumentos, fontes e chafarizes existentes em São Paulo.

Tombado pelo patrimônio municipal e também pelo estadual, o Largo chegou ao seu bicentenário precisando de reforma: porém ainda é local de grande relevância histórica para os paulistanos que passam por ali todos os dias, seja a trabalho ou passeio, nos horários de grande movimentação, como hora do almoço e o final de expedientes das empresas.

Quando se fala em Obelisco, na cidade de São Paulo, o primeiro que vem à mente é mesmo o do Ibirapuera. Porém existem outros na capital.

O do Largo da Memória, o mais antigo, precisa ser revigorado por meio de uma reforma. São Paulo tem grandes e belos monumentos e, apresar de alguns estarem em situação de abandono, convém recuperá-los em futuro próximo, para que se enalteçam, por seu intermédio, nossas tradições históricas.

Revista do Historiador - edição 175.