domingo, 19 de abril de 2020

Praça Ramos de Azevedo







Praça Ramos de Azevedo



Praça Ramos de Azevedo é um  logradouro  situado no bairro da República, no  Centro do município de São Paulo, no Brasil,  famosa por abrigar o Teatro Municipal de São Paulo. Foi criada para homenagear o arquiteto do Teatro Municipal em 1911  e passou a ter esse nome apenas em 1928.
A praça se localiza em frente ao  Teatro Municipal de São Paulo,  sob o Viaduto do Chá,  ao lado do  Prédio Alexandre Mackenzie  e compõe, com tais espaços, um conhecido cartão-postal da cidade







Histórico

A Praça Ramos de Azevedo nasceu em 1911, juntamente com o Teatro Municipal de São Paulo, porém teve sua inauguração apenas em 1928 - 17 anos após a inauguração do Teatro. Naquela época, era mais conhecida como Esplanada do Teatro, por causa do engenheiro Vitor da Silva Freire, que fazia parte de um conjunto de obras para urbanização do Vale do Anhangabaú. Antes da aparição do teatro, a região abrigava cortiços que foram demolidos por causa da célebre edificação.
O local passou a ser conhecido como Praça Ramos de Azevedo apenas em 1928, em homenagem ao arquiteto que construiu o Theatro Municipal. 


O desenho da praça

A Praça Ramos de Azevedo fica no terreno onde antes estavam terrenos da Chácara do Chá, pertencentes ao Barão de Itapetininga,  José Joaquim dos Santos Silva,  que realizava na região o cultivo de chá. O espaço começou a ser recortado, até a sua transformação em praça, a partir de 1855, com a abertura da Rua Formosa. No dia 21 de abril de 1863,  a desapropriação de outros lotes foi autorizada pela  Câmara Municipal de São Paulo,  que decidiu reservar o local para a abertura das ruas Coronel Xavier de Toledo, Conselheiro Crispiniano, Barão de Itapetininga e 24 de maio. Estas vias foram oficialmente entregues entre 1875 e 1876. Em 6 de novembro de 1892,  foi inaugurado o  Viadyto do Chá,  o primeiro da cidade de São Paulo, que passa sobre a praça. 
A partir de  1895,  gestores da prefeitura passaram a discutir a possibilidade de construção de um grande Teatro na capital paulista. O local, então conhecido como “Encosta do Morro do Chá” (que viria a se transformar na Praça Ramos de Azevedo somente em 1928) foi o escolhido. Em  1903,  a Prefeitura entrou em acordo com o Governo Estadual, que transferiu para o município o citado terreno.





A construção do Theatro Municipal de São Paulo

As obras para a construção do Theatro Municipal foram iniciadas em 16 de junho de 1903. O trabalho foi projetado pelos arquitetos italianos Domiziano Rossi e Cláudio Rossi (apesar da coincidência, ambos não são irmãos), que prestavam serviços para o escritório do arquiteto brasileiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo, conhecido como  Ramos de Azevedo.  O erguimento foi concluído após 8 anos, em 11 de outubro de 1911, com a inauguração oficial do Theatro Municipal de São Paulo.
 Antes da chegada do prédio, a região abrigava  cortiços,  demolidos com a famosa edificação. A partir daí, a praça onde está situado o empreendimento passou a ser conhecida como Esplanada do Theatro. Em frente ao Theatro Municipal, desde 1907, já funcionava o Teatro São José, que acabou sendo demolido em 1924. Além destes, mais duas casas de espetáculos estavam instaladas no lado oeste do Anhangabaú. Para aprimorar as condições de acesso à região, técnicos da prefeitura decidiram realizar obras na região frontal ao Theatro. O projeto escolhido foi o de Joseph Antoine Bouvard, que previa a construção de uma área ajardinada que iria da Rua Líbero Badaró à Conselheiro Crispiniano e incluía a área em torno do Teatro. O nome do espaço só foi alterado para Praça Ramos de Azevedo em 1928, ano da morte do arquiteto, como homenagem ao responsável pelo Theatro Municipal, o principal monumento construído no local e a praça ganhou seu nome. Após o ajardinamento da encosta do Morro do Chá, depois denominada Praça Ramos de Azevedo, o local, com alamedas curvas e tratamento paisagístico requintado, constituiu-se numa espécie de antessala para o Theatro, em uma ambientação que valorizava um dos mais importante espaços artísticos da cidade. 






sábado, 18 de abril de 2020

Theatro Municipal de São Paulo

Theatro Municipal de São Paulo










Theatro Municipal de São Paulo é um dos mais importantes teatros do Brasil  e um dos cartões postais da cidade de São Paulo.  Localizado no centro da cidade, na Praça Ramos de Azevedo,  foi inaugurado em 1911 para atender ao desejo da elite paulista da época, que queria que a cidade estivesse à altura dos grandes centros culturais.
Seu estilo arquitetônico é semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo e foi inspirado na  Ópera de Paris.  O edifício faz parte do Patrimônio Histórico do estado desde 1981 quando foi tombado pelo  Condephaat.  Além de sua importância arquitetônica, o teatro também possui notabilidade histórica, pois foi palco da  Semana de Arte Moderna,  o marco inicial do Modernismo  no Brasil.
É considerado um dos palcos de maior respeito do Brasil e apresenta uma das maiores e melhores produções líricas do país.
Desde 2011 o Theatro Municipal passou a ter mais autonomia administrativa e artística da Secretaria Municipal de Cultura, sendo administrado então pela Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
 No ano seguinte passou a contar com um anexo: a Praça das Artes,  um conjunto arquitetônico que abriga seus corpos artísticos e funciona como uma extensão de suas atividades, sendo sede também da Sala do Conservatório, da Escola de Dança de São Paulo e da Escola Municipal de Música de São Paulo.






História

Idealização, construção e inauguração



O gosto pela música erudita já havia sido formado por influência da Corte, tendo grande impulso durante reinado do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina.  Vários teatros foram construídos ao longo da costa brasileira e interior do Brasil. Na cidade de São Paulo, pequenos teatros cumpriam a tarefa da recepção de companhias internacionais que se apresentavam em teatros como o  Teatro Provisório Nacional, Teatro Politeama, Teatro Minerva e Teatro Apolo,  assim como o melhor deles, o  Theatro São José. 





Iniciou-se no ano de 1895 as discussões sobre a construção de um teatro especificamente para ópera com um projeto enviado para a Câmara Municipal  que tramitou sem sucesso. Em 1898, após o Theatro São José  ser destruído por um incêndio, a Câmara Municipal lançou incentivo para o empreendimento da construção de um novo teatro, mediante a isenção de impostos. O empreendimento seria efetuado quando a concessão para isenção de impostos é estabelecida em 50 anos. O Escritório Técnico de  Ramos de Azevedo,  apresenta a proposta de construção. Outra proposta já havia sido apresentada por  Cláudio Rossi  ao primeiro prefeito Antonio Prado  que fez a aproximação entre o escritório de Ramos de Azevedo.







O local escolhido para a construção foi o Morro do Chá, que já abrigava o Teatro São José. Com o projeto de Cláudio Rossi,  desenhos de  Domiziano Rossi  e construção pelo Escritório Técnico de  amos de Azevedo,  as obras foram iniciadas em 26 de junho de 1903  e finalizadas em 1911. O estilo arquitetônico da obra é o eclético,  em voga na Europa desde a segunda metade do  século XIX,   sendo o último o estilo da época. O teatro é estruturado em quatro corpos: a fachada, composta pelo vestíbulo, o salão de entrada e a escadaria nobre; o central, no qual encontra-se a sala de espetáculos; o palco; e, por fim, o ambiente onde estão localizados os camarins.

A inauguração estava marcada para o dia 11 de setembro, mas devido ao atraso na chegada dos  cenários  da companhia Titta Ruffo  em São Paulo, pois vinham de turnê pela  Argentina,  foi adiada para 12 de setembro. Houve uma grande aglomeração de pessoas no entorno do edifício. Cerca de 20 mil cidadãos vieram admirar a iluminação com energia elétrica  vinda do interior e do entorno do Theatro Municipal, algo que era atípico na época.
Além da inauguração, a noite de 12 de Setembro de 1911 foi cenário do primeiro trânsito da cidade de São Paulo. O espetáculo foi iniciado com a abettura da ópera  II Guarany, de Carlos Gomes,  devido à pressão da crítica paulistana. Seguiu-se depois a encenação da ópera Hamlet, de Ambroiesa Thomas, com o barítono Titta Ruffo  no papel principal. A companhia apresentou outras óperas durante a primeira temporada.

Os primeiros anos


No período de 1912 a 1926, o teatro apresentou 88 óperas de 41 compositores, sendo dezessete italianos, dez franceses, oito brasileiros, quatro alemães e dois russos, totalizando 270 espetáculos. Mas o fato mais marcante do teatro no período e talvez em toda a sua existência foi um evento que assustaria e indignaria grande parte dos paulistanos na época: a  Semana de Arte Moderna  de 1922.






      Semana de Arte Moderna

De 11 a 18 de fevereiro, o Theatro Municipal sediou um evento  modernista que veio a ser conhecido como a Semana de Arte Moderna.  Durante os sete dias de evento, ocorreu uma exposição modernista e nas noites dos dias 13, 15 e 17 de fevereiro aconteceram apresentações de  música, poesia  e palestras sobre a  modernidade  no país e no mundo.





O Modernismo  pregava a ruptura de todo e qualquer valor artístico que existira até o momento, propondo uma abordagem totalmente nova  à pintura, à poesia, à literatura e aos outros tipos de  arte. A Semana de Arte Moderna  contou com nomes já consagrados, como  Graça Aranha  e outros, que se tornariam futuros grandes expoentes do modernismo brasileiro. Participaram do movimento Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, Di Cavalcanti, Cavalcanto, Victor Brecheret, Heitor Villa-Lobos,  entre outros.  Tarsila do Amaral  não participou da Semana, pois se encontrava na Europa na ocasião e teve conhecimento do evento por meio de cartas, sobretudo de Anita Malfatti, amiga que a apresentaria, em meados de 1922, a Menotti, Mário e Oswald. Essas cinco personalidades passaram a se frequentar e se reunir a partir de então, passando a se autodenominar como o Grupo dos Cinco,  em que informações sobre a arte moderna eram trocadas, vivenciadas e praticadas.

Meados do século XX



Com o passar dos anos, o teatro, que havia sido feito exclusivamente para a ópera, mostrou-se capaz de abrigar outros eventos artísticos, como, além da  Seana de Arte Moderna,  performances de bailarinas como  Anna Pavlova e Isadora Duncan, 

Nas décadas seguintes, houve uma queda de público e a opulência do teatro foi desaparecendo devido a outras construções nos arredores que acompanhavam o crescimento de São Paulo, como, por exemplo, o  Edifício Altino Arantes. 

Entre 1952 e 1955 acontece a primeira grande reforma do edifício durante a gestão do prefeito  Jânio Quadros.  Esta reforma teve por objetivo a entrega do teatro para as comemorações do Quarto Centenário da cidade de São Paulo,  mas por atraso nas obras, a reinauguração só aconteceu em 1955. A sala de espetáculos teve suas ordens demolidas e reconstruídas. Foram retirados os camarotes de proscênio para dar lugar ao orgão G. Tamburini.  Os ornamentos e mobiliários foram refeitos pelo Liceu de Artes e Ofícios.  O vermelho tornou-se a cor oficial da sala, bem como da tapeçaria e estofamento das poltronas e cadeiras. Houve ainda a instalação de elevadores e sistema de ar condicionado.

Quanto mais os anos passavam, apesar de ainda gozar de grande respeito, o Theatro Municipal, foi perdendo espaço como centro de cultura para a população, que passou por diversas transformações sociais e culturais durante todo o século. Assim, as apresentações do teatro ficaram voltadas apenas para um público muito seleto.







Fim do século XX aos dias atuais




Na década de 1980, o teatro passou por uma segunda reforma, iniciada na gestão do prefeito  Jânio Quadros.  Essa teve como intuito modernizar os equipamentos e maquinários de palco e restaurar a fachada. Nesta reforma, buscou-se tamanha fidelidade que a fachada foi restaurada com arenito vindo da mesma mina que forneceu o material para a construção original do prédio no início do século. Além disso, a cor verde foi restituída a partir da prospecção realizada na parede interna que abriga o órgão, única a não ser alterada na reforma dos anos 50. Todo o estofamento, tapeçaria e pintura da sala passa ao verde. A reforma foi concluída em 1991 já sob a gestão de Luisa Erundina. 

Ao se aproximar de seu centenário, novas obras de restauração foram iniciadas no edifício em 2008. Foi a terceira e mais complexa reforma do edifício, onde foi refeita toda a parte de sonorização, acústica, mecânica cênica e tratamento acústico do fosso da orquestra. Foi restaurado,também, o palco, pinturas antigas e mais de 14 mil vitrais. Além disso, deixando o verde para trás com a intenção de tornar a aparência mais antiga, o vermelho tornou-se novamente a cor principal da sala de espetáculos, assim como a tapeçaria e os estofamentos das poltronas. A intenção da restauração foi de deixar o Theatro Municipal com a aparência do século passado, só que mais moderno por dentro. As obras foram concluídas em novembro de 2011






Neste mesmo ano o teatro deixou de fazer parte do departamento da Secretaria Municipal de Cultura e foi transformado em fundação de direito público através da Fundação Theatro Municipal,  passando a ser gerido pelo Instituto Brasileiro de Gestão Cultural em 2013. O objetivo de transferir a gestão para uma Organização Social  foi dar mais autonomia administrativa e financeira ao teatro, porém a iniciativa não foi tão bem sucedida e escândalos de corrupção surgiram em 2016 durante a gestão de  John Neschiling,  que foi afastado dos cargos de diretor artístico e regente titular.
Em março de 2017 a Justiça decidiu transferir a administração do Theatro Municipal de volta às mãos da Prefeitura de São Paulo. O descumprimento da ordem, com prazo de 90 dias para o Instituto Brasileiro de Gestão Cultural abandonasse as atividades, acarretaria uma multa diária de R$10.000. A decisão foi tomada por conta das irregularidades na administração do teatro, que causaram prejuízos de cerca de R$ 15 milhões aos cofres públicos.
Em 2019,  Hugo Possolo,  assumiu o cargo de diretor artístico do Theatro Municipal, antes ocupado por Cleber Papa. Roberto Minczuk  é o atual regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.


Infraestrutura






As obras de restauração finalizadas em 2011 modernizaram o edifício do teatro e o palco foi equipado com modernos mecanismos cênicos. O problema de falta de salas de ensaio, estrutura e espaço físico nos bastidores foi parcialmente resolvido em 2012 com a inauguração da  Praça das Artes,  complexo cultural que passou a funcionar como um anexo do teatro e palco para diversos eventos culturais.

Na inauguração do primeiro módulo, a  Praça das Artes  passou a abrigar a  Escola Municipal de Música de São Paulo e a Escola de Dança de São Paulo. Além disso, o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo  ocupou a Sala do Conservatório que está localizada no andar superior do antigo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e a Orquestra Experimental de Repertório  passou a utilizar as dependências da escola de música para seus ensaios.



A segunda fase do conjunto arquitetônico, atualmente em obras, contempla a conclusão do edifício dos corpos artísticos. Após a finalização, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, o Coro Lírico Municipal de São Paulo, o Balé da Cidade de São Paulo e o Coral Paulistano Mário de Andrade serão abrigados neste edifício e contarão com melhor infraestrutura para seus ensaios. Nesta fase também serão inauguradas uma praça interna com abertura para a rua Formosa, um jardim e um bar externo. Embora a  Praça das Artes  não esteja conectada fisicamente ao Theatro Municipal, ela funciona como seu anexo e está localizada no quarteirão atrás do teatro. Há ainda um projeto de ampliação do conjunto arquitetônico, aumentando a área destinada à escola de dança e construção de um auditório e discoteca.


A estrutura física do teatro tem capacidade para atender 1523 pessoas, porém nem todos os seus assentos possuem visão completa para o palco. Em 28 de setembro de 2014 foi publicado pela  Folha de São Paulo  o resultado de uma avaliação feita pela equipe do jornal ao visitar os sessenta maiores teatros da cidade de São Paulo. O Theatro Municipal foi premiado com três estrelas, uma nota "regular", com o consenso: "Pontos positivos: compra on-line, serviços e instalações. Entretanto, o número de banheiros não é suficiente, e há lugares com visão muito prejudicada (no site, eles são indicados). Em uma das visitas, muita gente dos balcões laterais teve que assistir à apresentação em pé para conseguir enxergar o que se passava no palco. O espaçamento entre as fileiras e o conforto das poltronas são regulares. No ano seguinte, o teatro recebeu a mesma nota.






terça-feira, 14 de abril de 2020

Edifício Conde Prates



                                                                         Conde Prates






Edifício Conde de Prates





Os Palacetes Prates foram três edifícios que ficavam localizados no  vale do Anhangabaú, próximo ao  Viaduto do Chá,  na cidade de  São Paulo.  O nome do conjunto de edificações é uma homenagem a  Eduardo da Silva  Prates,  o primeiro  Conde de Prates  e um dos maiores proprietários da região central da cidade.




História


No início do século XX, o centro da cidade de São Paulo passava por obras de modernização, processo este que foi conduzido pelo prefeito  Barão de Duprat.  O palacetes gêmeos foram a colaboração de  Eduardo da Silva Prates  na intervenção urbana. O Conde de Prates tinha negócios nos ramos imobiliário, bancário e férreo, além de ser um dos maiores proprietários do centro da cidade, o que lhe dava poder para influenciar nas negociações para que o  solar do Barão de Itapetininga  fosse doado ao município para possibilitar a criação do  Parque do Anhangabaú. 
Prates trouxe da França  todo o material necessário à construção dos palacetes, que foram inaugurados em 1911. Os três edifícios foram projetados pelo engenheiro agrônomo baiano Samuel das Neves e por seu filho, o arquiteto  Cristiano Stockler das Neves,  formado na  Universidade da Pensilvânia,  que também projetou a Estação Sorocabana, atual  Estação Júlio Prestes  e sede da Sala São Paulo. 


O primeiro dos edifícios, para quem vinha da  Avenida São João em direção ao Viaduto do Chá ( Rua Libero Badaró, 377 )q funcionou até o ano de 1951 como a sede da Prefeitura Municipal de São Paulo  e posteriormente da  Câmara Municipal.  O segundo palacete, na esquina da rua Líbero Badaró com o Viaduto do Chá, foi sede do Automóvel Club de São Paulo. O terceiro palacete, já do outro lado do viaduto, deu lugar ao Grand Hôtel de la Rôtisserie Sportsman, sendo que posteriormente foi utilizado como sede do jornal  Diário da Noite. 
Alguns anos depois da inauguração dos edifícios, os Palacetes Prates ganharam uma outra companhia ao seu lado: o Club Comercial, inaugurado em 1930, com arquitetura similar aos palacetes gêmeos. O local era sede de várias lojas e escritórios, além de salões de baile.
Após a saída da prefeitura do primeiro palacete, a Câmara Municipal assumiu o prédio inteiro, dando-lhe o nome de Palacete Anchieta.





Apesar do valor histórico e arquitetônico, todos os edifícios dos Palacetes Prates foram demolidos um após o outro, ocorrendo o mesmo com o Club Comercial. O primeiro a ser demolido em 1935 foi o que originalmente abrigou o Grand Hôtel da la Rotisserie Sportsman, dando lugar ao Edifício Matarazzo.  O segundo a ser demolido no início dos anos 1950, originalmente sede ao Automóvel Club, deu lugar ao  Edifício Conde de Prates.  O terceiro palacete foi demolido em 1970 em seu lugar foi construído o  Edifício Mercantil Finasa.  Já o edifício do Club Comercial foi demolido em 1969 e deu lugar ao Edifício Grande São Paulo. 


domingo, 12 de abril de 2020

Edifício Alexandre Mackenzie - Light





                                                        Theatro São José




Edifício Alexandre Mackenzie

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Edifício Alexandre Mackenzie, também conhecido como Prédio da Light, é uma notória construção localizada na área central da cidade de São Paulo,  entre o cruzamento da Rua Coronel Xavier de Toledo com o Viaduto do Chá, atualmente tombada, cujo projeto contou com a autoria dos estadunidenses Preston e Curtis, e execução do escritório de Severo, Villares & Cia. Ltda. O prédio fora sede da empresa distribuidora de energia elétrica  São Paulo Tramway, Light and Poxer Company,  e, posteriormente, da antiga estatal  Eletropaulo.  Foi concluído no ano de 1929 e ampliado em 1941. Desde 1999, após cautelosa restauração, abriga o  Shopping Light. 



Contexto Histórico

A empresa The São Paulo Tramway, Light and Power Company instalou-se em 1899 em salas alugadas em um prédio da Rua São Bento. Seu constante crescimento obrigou sua transferência para áreas cada vez mais amplas, muitas vezes em diferentes localidades da cidade. No total, eram 7 escritórios por  São Paulo,  o que dificultava sua administração central. Com isso, a empresa adquiriu o  Theatro São José,  na Rua Coronel Xavier de Toledo, para dar lugar ao mais novo edifício sede da empresa. A obra foi concluída em abril de 1929.
Em 1941, o prédio foi ampliado passando a contar com uma área de 29.720 metros quadrados. Desde sua construção, o prédio adquiriu grande destaque, tanto por sua posição privilegiada junto ao  Vale do Anhangabaú,  como pela história e desenvolvimento da empresa que idealizou sua construção. Hoje, o patrimônio é propriedade do Estado, por ter sido sede da antiga estatal Eletropaulo, e em 1999, depois do processo de privatização da empresa e transferência de suas áreas administrativas na década de 1980, tornou-se um centro comercial e cultural.


História

Construção

O Edifício Alexandre Mackenzie foi originalmente construído para abrigar a sede da canadense The São Paulo Tramway, Light and Power Co. Ltd. O nome foi dado em homenagem ao diretor da empresa na época, que solicitou o projeto do edifício. Os autores do projeto foram os arquitetos norte-americanos Preston e Curtis, de 1925. Já a construção foi idealizada por Severo, Villares & Cia. Ltda., escritório do engenheiro e arquiteto  Ramos de Azevedo, entre os anos de 1926 e 1929.
Em setembro de 1983, Luiz Antonio de Assis Carvalho, superintendente de Comunicação da Eletropaulo, entrou com uma solicitação de tombamento junto ao Condephaat,  Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Processo Nº 22803/83). Já em outubro de 1984, o edifício foi oficialmente tombado como monumento de interesse arquitetônico pelo secretário da cultura da época, Jorge da Cunha Lima, e inscrito no Livro do Tombo sob nº 234, p.64. em janeiro de 1987.[1





Tombamento

O interesse pelo tombamento do edifício surgiu em razão de uma possível negociação entre o mercado imobiliário e por se tratar de um bem próprio do Estado, já que na época era sede da Eletropaulo. O edifício compõe os mais destacados do patrimônio ambiental urbano da cidade de São Paulo, dada sua posição no Vale do Anhangabaú. Juntamente com a antiga sede do  Banespa, o Edifício Altino Arantes, o Edifício Matarazzo,  sede da prefeitura da cidade de São Paulo desde 2004, e o Viaduto do Chá,  forma o conjunto característico da área central da cidade. Em seus arredores, situam-se os jardins do Teatro Municipal, com sua escadaria e estrutura imponente e a  Praça Ramos de Azevedo,  em homenagem ao célebre engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo. 

Shopping Light


Desde 1999, ano de inauguração, o edifício abriga o Shopping Light, fruto de um consórcio com o Fundo Birmann, que ganhou concessão do imóvel por um período de 50 anos. Em 1997, a Eletropaulo ainda ocupava parte do edifício, quando eram realizadas as reformas. Uma das realizadoras do projeto do centro comercial foi a CEI Empreendimentos, onde os investimentos foram estimados em R$ 50 milhões. O público alvo do shopping são as classes B e C, devido à enorme circulação de pessoas pelo Vale do Anhangabaú durante o horário comercial e horário de almoço. Estima-se que no Viaduto do Chá transite diariamente cerca de um milhão de pessoas.



Características do edifício



Um dos grandes marcos históricos da arquitetura de São Paulo, o Edifício Alexandre Mackenzie, conhecido também como "Prédio da Light", é um dos ícones do estilo eclético do centro. Toda a parte de serralheria e marcenaria originais do edifício foi arquitetada pelo  Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo,  na época de sua construção. Hoje, o edifício mistura elementos modernos com elementos mais antigos, como escadas rolantes atuais, elevadores da década de 1920, escadaria de mármore e réplicas de bancos e lixeiras similares aos da  Estação da Luz. A casa de máquinas dos elevadores e os portões são originais da década de 1920. O Shopping Light foi o primeiro shopping center do Brasil a utilizar técnicas de reciclagem arquitetônica em sua estrutura e fachada.

O trabalho de restauração, durante a década de 1990, ficou a cargo do arquiteto Carlos Faggin, professor de História da Arquitetura da  USP.  Foi necessária uma lavagem das fachadas por conta de pichações e da ação do tempo. A tecnologia foi fundamental para a realização do processo, com análises em laboratório foi possível identificar os traços originais do prédio, que foram remoldados. Molduras, cerâmicas, vitrais e alvenarias de madeira foram todos restaurados e adaptados à década de 1920. O edifício de 50 metros de altura conta hoje com nove pisos, sendo o último um centro cultural, dois andares no subsolo, e o rés-do-chão (piso térreo).









quinta-feira, 9 de abril de 2020

Viaduto do Chá




Viaduto do Chá





Viaduto do Chá foi o primeiro  viaduto  a ser construído na  cidade de São Paulo,  localizado no  Vale do Anhangabaú, no centro da cidade.  Foi idealizado pelo francês Jules Martin em  1877,  mas inaugurado apenas em  6  de novembro de 1892.  Inicialmente sua construção foi projetada com armações metálicas, que acabaram cedendo com o uso. Por causa disso, a antiga estrutura foi substituída por vigas de concreto presentes ainda hoje na construção.
Por ser uma região de intenso trânsito de pessoas, o Viaduto do Chá costuma servir de plano de fundo para muitas entrevistas e enquetes de programas de televisão. A construção também é um local muito usado para locações externas de novelas e filmes que se passam no centro de São Paulo, como, por exemplo, a telenovela da Rede Globo Tempos Modernos,  que teve grande parte de suas cenas gravadas no Vale do Anhangabaú e no chamado "Centro Velho" da capital paulista.



História

Antecedentes

Antes da construção do Viaduto do Chá], o Vale do Anhangabaú era separado pelo  rio do mesmo nome  dividindo a região. Parte dela estruturada, que findava na Rua Direita e   e outra, conhecida como Morro do Chá (que ganhou esse nome por causa de inúmeras plantações de chá-da-índia que havia na área), onde hoje se encontram os distritos da República e da Consolação. 
Os moradores do morro costumavam ter dificuldades para se locomover da atual  Rua Líbero Badaró  para o lado em que se localiza o  Theatro Municipal : era preciso descer a encosta,  atravessar a Ponte do Lorena sobre o Anhangabaú e subir a Ladeira do Paredão, atual Rua Coronel Xavier de Toledo. Na Líbero Badaró, havia ainda a chácara e a casa da Baronesa de Tatuí, que se opunha à construção do viaduto. Onde localiza-se o Teatro Municipal era a serraria do alemão Gustavo Sydow e, logo depois, havia a chácara do  Barão de Itapetininga,  delineada pelas ruas Formosa, 24 de Maio e D. José de Barros.

Construção

Idealizado pelo cidadão francês Jules Martin, foi o primeiro viaduto construído na cidade. A proposta da ponte sobre o vale foi apresentada à  Intendência Municipal  em 1887. Seu nome derivou do Morro do Chá, como era conhecida a chácara baronesa de Tatuí (em que era plantado esse tipo de erva), que ficava próximo às plantações de chá da Índia. Ao ser criado, o viaduto tinha como intenção ligar as ruas Direita e Barão de Itapetininga. Os trabalhos começaram apenas em 1888, mas foram interrompidos um mês depois, por causa da resistência dos moradores da região, entre eles o  Barão de Tatuí,  cuja casa seria uma das desapropriadas. A população favorável à obra conseguiu reverter a situação logo depois, e o projeto pôde ter continuidade.
A Companhia Paulista de Chá ficou com os direitos do projeto, quando foi retomado em 1889, porém enfrentou problemas financeiros e quase foi à falência. Então o município transferiu a responsabilidade da concepção para a Companhia de Ferro Carril de São Paulo. Esta encomendou uma armação metálica que compõe o viaduto    empresa alemã Harkort, de  Duisburgo,  que chegou ao Brasil em maio de 1890. O viaduto foi concluído dois anos depois, tendo sua inauguração em 6 de novembro de 1892. Em um primeiro momento, possuía 240 metros de comprimento, sendo 180 de estrutura metálica e 60 da Rua Barão de Itapetininga aterrada; catorze metros de largura, sendo nove da passagem central e cinco de passarelas laterais (com assoalhos de prancha de madeira); vinte metros de distância do rio; e arco central de 34 metros. O viaduto era iluminado por 26 lâmpadas a gás e contava, para fins estéticos, com obras de arte em suas quatro extremidades e  balaustrada  de bronze, com o logotipo da Companhia de Ferro.
Para pagar as despesas, eram cobrados sessenta  réis  ou três  vinténs  para a utilização da passagem, o que na época garantiu o apelido de Viaduto dos Três Vinténs.Existia um portão no local para controlar a passagem e restringir seu uso no período da noite. O portão só foi removido, tornando o viaduto gratuito, em 1897, quando o vereador  Pedro Augusto Gomes Cardim,  apoiado por uma petição popular, levou uma moção à Municipalidade.
Por lá costumavam passar pessoas refinadas, que se dirigiam aos cinemas e às lojas da região e, depois de 1911, ao Theatro Municipal. Por muito tempo, o Viaduto do Chá também foi utilizado por suicidas.


Reconstrução

Com o passar do tempo, a cidade foi crescendo, e o número de pessoas que passavam pelo viaduto aumentando a cada dia. Em 1938, a construção de metal alemão com assoalho de madeira passou a não suportar mais esse volume. Assim, no mesmo ano, o viaduto foi demolido, dando lugar a um novo, feito de  concreto armado  e com o dobro de largura. Dessa forma, até os dias de hoje o viaduto é usado como passarela para carros e pedestres, sendo referência da Zona Central da cidade. Durante o centenário, o viaduto sofreu sua ultima mudança até os dias de hoje, a reforma dos pisos.



Estado atual

Hoje em dia, o Viaduto do Chá possui 204 metros de extensão e liga duas ruas tradicionais de São Paulo: a Barão de Itapetininga e a antiga Rua do Chá, atual Rua Direita. Durante muito tempo, o viaduto foi um dos principais cartões postais de São Paulo e importante ponto turístico da cidade. Atualmente, apesar de ser importante tanto para a locomoção quanto turisticamente, ele perdeu um pouco de sua "essência" e passou a ser mais um local tradicional. Hoje o viaduto passou a ser um dos locais mais fotografados para cartões postais de São Paulo.