segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mercadão - de ponto turístico a centro de compras

Mercadão
Rua da Cantareira












Fotos Manoel de Brito

Revistado do Historiador - edição 170

Um passeio sensorial. Essa é a principal experiência vivida por quem visita o suntuoso Mercado Municipal paulistano. Tomar um simples café da manhã pode ser uma experiência inesquecível no Mercadão, como é conhecido o mais famoso centro de compras da capital paulista. Um misto de cores, aromas e sabores formam uma atmosfera única, promovendo encantamento à primeira vista.
Não á toa, o estabelecimento é um dos locais mais visitados por turistas brasileiros e estrangeiros, transcendendo a função de centro de compras. Por sua diversidade de produtos e beleza arquitetônica, o Mercadão tornou-se um dos pontos turísticos mais visitados da cidade, disputado desde o estacionamento até as bancas de comercialização dos produtos. Semanalmente são cerca de 50 mil pessoas de variadas faixas etárias passeando pelo mais de 300 boxes, que formam o cenário da mais rica gastronomia.
Nas primeiras horas da manhã, o fluxo de visitantes circulando pelas "ruas" do galpão é tão intenso como no concorrido horário do almoço. Sair do  Mercadão sem experimentar o famoso sanduíche de mortadela  ou os tradicionais pastéis e bolinhos de bacalhau é o mesmo que não ter entrado !
Referência nacional por sua diversidade de produto, o estabelecimento oferece os opções mais variadas para o comércio de vinhos, queijos, chocolates, temperos e embutidos da melhor qualidade, além de frutas, verduras, legumes, carnes, peixes e frutos do mar sempre fresquinhos. A oportunidade de degustar e conhecer novos produtos atrai desde as donas de casa até os chefes de cozinha mais conceituados.

VIAGEM PELA HISTÓRIA :

Mas os prazeres da mesa não são os únicos fascínios das latitudes do galpão de mais de 12 mil m2, erguido para substituir o antigo mercado da rua 25 de Março. Ao entrar no Mercadão, os visitantes podem desfrutar de um ambiente carregado de história.
Iniciada em  1928, a obra foi projetada para ser um marco paulistano. Sua localização, no quadrilátero formado pelas ruas da Cantareira, Comendador Assad Abdala, Mercúrio e avenida do Estado, foi cuidadosamente pensada. Na época, a localização era estratégica por estar próxima à rede ferroviária e  às margens do rio Tamanduateí, facilitando o desembarque das mercadorias que eram, em sua maioria, transportadas por embarcações.
A construção assinada por Ramos de Azevedo, conta com um pé direito que chega a 16 metros de altura e um acabamento sofisticado.
O projeto  explora a iluminação natural com o uso de clarabóias e telhas de vidro. Já os 32 painéis subdivididos em 72 vitrais de estilo gótico foram projetados  pelo renomado artista russo Conrado Sorgenicht Filho, autor dos vitrais da estação Sorocabana, do Theatro Municipal, da Faculdade de Direito do largo São Francisco, da catedral da Sé e mais de 300 igrejas espalhadas pelo país.

Inaugurado em 25 de janeiro de 1933, depois de quatro anos em obras, o complexo tem papel de destaque na história brasileira. Antes de sediar o centro de compras, entre 1927 e 1933, serviu como quartel para a Revolução  Constitucionalista de 1932 - o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, que previa a derrubada do governo provisório de Getílio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil.
Durante 30 anos, o Mercado Municipal foi o principal entreposto de alimentos da cidade.
Porém, em 1960, com a criação do Centro de Abastecimento de São Paulo (Ceasa), o comércio desacelerou ao ponto de ser cogitada sua demolição. O prédio não foi demolido graças a proprietários dos boxes, feirantes  e simpatizantes, que lutaram por sua preservação.
Ao longo de seus 80 anos de existência, o Mercadão passou por poucas reformas, sendo a mais significativa em 2004, quando foi criado o  Mercardo Gourmet, uma cozinha equipada para aulas e eventos referente à gastronomia.