quinta-feira, 5 de julho de 2018

Revolução Constitucionalista de 1932




                                                  Revolução Constitucionalista de 1932




Revolução Constitucionalista de 1932, também conhecida como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no  estado de São Paulo,  entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e a convocação e uma Assembléia Nacional Constituinte. 
O golpe de estado  decorrente da  Revolução de 1930  derrubou o então presidente da república,  Washington Luis :  impediu a posse do seu sucessor eleito nas eleições de março de 1930, Júlio Prestes,  depôs a maioria dos presidentes estaduais (atualmente se denominam governadores); fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais; e, por fim, cassou a  Constituição de  1891,  até então vigente. Getúlio Vargas, candidato derrotado nas eleições presidenciais de 1930 e um dos líderes desse movimento revolucionário, veio a assumir a presidência do governo provisório nacional em novembro de 1930 com amplos poderes, colocando fim ao período denominado  República Velha,  porém, sob a promessa de convocação de novas eleições e a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte para a promulgação de uma nova Constituição. Contudo, nos anos subsequentes, essa expectativa deu lugar a um sentimento de frustração, dado a indefinição quanto ao cumprimento dessas promessas e acumulado ao ressentimento contra o governo provisório, principalmente no estado de São Paulo, com o fato de Getúlio Vargas governar de forma discricionária por meio de decretos, sem respaldo de uma Constituição e de um Poder Legislativo. Essa situação também fez diminuir a autonomia que os estados brasileiros gozavam durante a vigência da  Constituição de 1891,  pois os interventores indicados por Vargas, em sua maioria tenentes, não correspondiam aos interesses dos grupos políticos locais e frequentemente entravam em atritos. Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas.



O levante começou de fato em 9 de julho de 1932 e foi precipitado após a morte de quatro jovens por tropas getulistas em 23 de maio de 1932 durante um protesto contra o Governo Federal. Após a morte desses jovens, foi organizado um movimento clandestino denominado  MMDC  (iniciais dos nomes dos quatro jovens mortos: Martins, Miragaia, Dráusio, e Camargo)  que começou a conspirar contra o governo provisório de  Getúlio Vargas, articulando junto com outros movimentos políticos uma revolta substancial. Houve também uma quinta vítima,  Orlando de Oliveira Alvarenga,  que também foi baleado naquele dia no mesmo local, mas veio a falecer meses depois. Nos meses precedentes ao movimento, o ressentimento contra o presidente Getúlio Vargas  ganhava força indicando uma possível revolta armada e o governo provisório passou a especular a hipótese de o objetivo dos revoltosos ser a secessão de  São Paulo. No entanto, o argumento  separatista  jamais foi comprovado fidedigno, porém, ainda assim esse argumento foi utilizado na propaganda do governo provisório ao longo do conflito para instigar a opinião pública do restante do país contra os paulistas, obter voluntários na ofensiva contra as tropas constitucionalistas e ganhar aliados políticos nos demais Estados contra o movimento de São Paulo.[9]
Quando o Estado de São Paulo  precipitou a revolta contra o governo provisório de Vargas, seus lideres tinham a expectativa da automática adesão de outros Estados Brasileiros, dada a solidariedade manifestada por parte das elites políticas dos Estados de  Minas Gerais, do Rio Grande do Sul,  e do então Mato Grosso. Assim, os políticos de São Paulo esperavam apenas um breve conflito militar com uma rápida marcha para o   Rio de Janeiro,  até então a capital do país, para depor  Getúlio  Vargas.  Logo, os revoltosos não organizaram um sistema defensivo em suas fronteiras contra possíveis ofensivas militares dos Estados vizinhos. No entanto, a solidariedade daqueles Estados não se traduziu em apoio efetivo, e, com a espera por parte dos paulistas pelos apoios supostamente prometidos,  Getúlio  Vargas  teve tempo de articular uma reação militar de modo a sufocar a revolução ainda nos seus estágios iniciais, obrigando o Estado de São Paulo a ter de improvisar em pouco tempo um amplo sistema militar defensivo em suas fronteiras contra a ofensiva de tropas de todos os Estados brasileiros, com a exceção do Mato Grosso que se tornou o único Estado aliado dos paulistas. Após quase três meses de intensos combates nos quatro cantos do Estado, o conflito foi encerrado em 2 de outubro de 1932 com a rendição do Exército Constitucionalista.


Atualmente, o dia  9 de julho,  que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do Estado de  São Paulo e feriado  Estadual. Os  paulistas  consideram a Revolução Constitucionalista como sendo o maior movimento cívico de sua história. A lei 12.430, de 20 de junho de 2011, inscreveu os nomes de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo heróis paulistas da Revolução Constitucionalista de 1932, no  Livro dos Heróis da Pátria.  No total, foram 87 dias de combates (de 9 de julho a  4 de outubro de 1932 -  sendo os últimos dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2.200 mortos, sendo que numerosas cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido aos combates. Apesar da derrota militar do movimento, algumas de suas principais reivindicações foram obtidas posteriormente, por exemplo, com a nomeação de um interventor civil e paulista, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a promulgação de uma nova Constituição em 1934. No entanto, essa Constituição teve curta duração, pois em 1937  Getúlio  Vargas  fechou o Congresso Nacional, cassou a Constituição vigente e outorgou uma nova Constituição, justificando tais medidas a um suposto extremismo de movimentos políticos da época. Assim, a partir de então, foi estabelecido o regime ditatorial conhecido como  Esta Novo  que perdurou até 1945, ano em que Vargas foi deposto por um grupo militar composto por generais antigos aliados.