sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Museu da Imigração




Durante quase um século, entre 1887 e 1978, o prédio da antiga Hospedaria de Imigrantes, no Brás, recebeu cerca de 2,5 milhões de pessoas em busca de abrigo e ajuda na chegada o país.
O local, instalado na Rua Visconde de Paranaíba, 1316, hoje sedia o Museu da Imigração, que reúne informações e até cartas deixadas pelos antigos frequentadores.

Instalado em um dos poucos edifícios centenários da cidade de São Paulo, o Memorial do Imigrante ocupa as instalações da antiga Hospedaria de Imigrantes, um imponente complexo de prédios, construído entre 1886 e 1888 na Rua Visconde de Parnaíba, no bairro do Brás, com a finalidade de receber e encaminhar ao trabalho na lavoura, os imigrantes vindos por conta do Governo Provincial de São Paulo - essa hospedaria veio substituir a anterior, que funcionava desde 1882 no Bom Retiro, com capacidade para somente 500 pessoas e havia se tornado insalubre, em virtude das epidemias que assolavam aquele bairro. Com o aparecimento das primeiras indústrias na Capital, o perfil da mão de obra ganharia mais uma faceta, surgindo uma classe operária numerosa, forte e combativa.

Esse processo, conhecido como imigração massiva, já ocorria desde a metade do século XIX, portanto, não foi iniciado com a abolição da escravidão, como muitos historiadores costumam propagar erroneamente. O fim da escravidão no Brasil, na verdade, colocou em xeque mate o sistema de trabalho nas fazendas, tornando irreversível a necessidade de mão de obra pesada para as emergentes plantações de café. De 1882 a 1978, passaram pela Hospedaria de Imigrantes mais de 60 nacionalidades, com o número de pessoas estimado em aproximadamente 2,5 milhões, todas devidamente registradas em livros e listagens. O museu possui, praticamente, todos os registros das pessoas que passaram pela antiga hospedaria. São listas de bordo dos navios, livros de registros de imigrantes patrocinados, cartas de chamada, processos de núcleos de colônias, além de documentos pessoais doados por alguns imigrantes e cerca de 8 mil imagens fotográficas, entre negativos e originais. Este acervo, de valor incalculável para a história e memória do Estado de São Paulo, está em processo de elaboração final, parte já informatizada, onde a busca por informações é feita em questão de segundos. Apesar da consulta de muitos pedidos ser feita manualmente por um grupo de especialistas, foram emitidas até 1998, cerca de três mil certidões.



CENTENÁRIO INAUGURAL



A importância da Hospedaria de Imigrantes no desenvolvimento e progresso de São Paulo é incontestável, embora pouco conhecida e estudada. Desta forma, no aniversário dos 110 anos da sua inauguração oficial (1888-1998), o edifício continua em pé, fascinando os que o vêm pela primeira vez. Nada mais justo para celebrar as quase 3 milhões de pessoas que por ali passaram. As obras da Hospedaria "do Brás", como também eram conhecidas, foram iniciadas em 1886, mas a partir de 1887 já começava a funcionar e pôde substituir a antiga, localizada no Bom Retiro, um bairro assolado por epidemias. O espaço no "subúrbio do Brás" foi escolhido por ser plano, aberto e ficar próximo ao entroncamento de duas ferrovias (São Paulo Railway e E. F. Central do Brasil). Devido às dimensões do terreno (30 mil metros quadrados) e ao tamanho do prédio (cerca de 10 mil metros quadrados, com dois pavimentos), podemos considerar a Hospedaria como um dos maiores edifícios públicos do final do sécu­lo XIX, na cidade de São Paulo.