quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Monumento da Indepêndencia passa por reforma












Visando a comemoração  do segundo centenário da Independência do Brasil celebrado em 2022, o DPH ( Departamento do Patrimônio Histórico), ligado á  Secretaria  Municipal de Cultura, deu início a restauração do "Monumento à Independência", no Ipiranga, na zona sul da capital paulista. Com custo de R$ 1,1 milhão saído de recurso do Funcap (Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano), o processo iniciado em setembro visa recuperar o painel frontal do conjunto escultórico de bronze  e deve ser concluído ainda em 2016.
O trabalho está sendo realizado por uma equipe internacional supervisionada pelo restaurador francês  Antoine Amarger, referência no ramo. Ele já trabalhou na recuperação de esculturas de Rodin e em peças  do Palácio de Versalhes.
"A ideia é manter o aspecto de velho", afirma Amarger. "Fazer peças antigas parecerem novas é como tentar fazer uma pessoa velha, parecer jovem. È possível, mas vai haver problemas." De autoria do escultor italiano Eltore Ximenes, a obra inaugurada em 1922 abriga uma etapa com os restos mortais de D. Pedro 1º e de suas duas mulheres, Maria Leopoldina e Amélia.
"É um monumento de importância nacional", diz a diretora do DPH, Nádia Somekh, É preciso difundir a idéia de que o esforço para proteger nosso patrimônio é coletivo".



Em 2015, Antoine Amarger realizou um estudo preparatório, mapeando os danos a partir dos quais foram estabelecidos os tratamentos necessários. Durante a restauração, uma equipe do Senai faz um exame mecanográfico da obra. Com a  utilização de pistolas de fluorescência  de raio X, a instituição examina 80 pontos da peça (numerados) para identificar as ligas metálicas usadas. "Achamos uma cor muito irregular  em áreas do painel. Desconfiamos que foram usadas ligas diferentes nas partes que o compõem", explica o escultor Israel Kislansky.



Limpeza : A primeira etapa do trabalho de recuperação é a limpeza, feita com o jateamento de abrasivos vegetais. "Costumo usar insumos típicos de cada região. Aqui estou usando casca de coco", diz Antoine Amarger. Este processo está sendo feito por partes. 

Epóxi : feita a limpeza, notou-se que muitos pontos tinham sido cobertos com compostos   plásticos à base de óxido de ferro, usados para fechar fissuras e rachaduras. Com o tempo, eles ficam com cor de ferrugem. Segundo o escultor Israel Kislansky, já se sabia que algumas partes da peça tinham sido reparadas com o material, "mas achamos muito mais", Esse material é removido.





pistolas de fluorescência  de raio X










Exemplo : "Essa perna foi fundida em separado e depois anexada por soldagem. Apesar dos diversos elementos terem sido fundidos em bronze, a soldagem foi executada originalmente em latão, por isso essa cor amarelada", explica Kislasky. Esse pedaço da obra estava coberto de massa plástica enferrujada e houve a necessidade de remoção do material.

Após a limpeza, começa o trabalho sobre o metal, com reparos em áreas furadas, soltas ou quebradas. Em alguns pontos, buracos são recompostos com parafusos de bronze silício que, ao serem comprimidos com altíssima intensidade, são amassados e ocupam os espaços.




por Bruno B. Soraggi


fotos de Diego Pagurschi e Manoel de Brito