quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Tomie Ohtake

Quando entrei na sala com 25 litogravuras feitas por Tomie Ohtaka, em 1972, tendo boa parte delas sido apresentadas pela primeira vez em Veneza, na mostra gráfica D'OGGI, logo pude estranhar a quantidade e vitalidade das cores utilizadas e me perguntei, de onde elas saíram.

Essa é uma pergunta  legítima e que pode começar a ser justificada pelo fato de que  desde a chegada da abstração no Brasil, no começo de 1950, é difícil encontrar cores tão vibrantes e variadas - cores tão artificiais na pintura. A dúvida também pode aparecer, porque suas combinações são inusitadas, raras até na produção prévia de Tomie Ohtake, como as pinturas que traziam quase sempre alguma área mais discreta ao olhar ( um fundo de cor neutra, uma área sem contrastes).

Esse conjunto chama a atenção para um aspecto pop da obra da artista, como se suas cores sintéticas refletissem uma parcela de cultura do momento.

Como poderia a onda hippie e ácida entrar em seu silencioso ateliê ?A psicodélia da época poderia se misturar com as associações feitas com a artista nipo-brasileira que deixou, principalmente  em São Paulo, tantas obras maravilhosas.

Manoel de Brito, São Paulo 12 de fevereiro de 2015.