Transformção total - Fotos raras mostra como era a capital às vésperas de sua vertiginosa expansão no século XX
As primeiras décadas do século XX cumpriram um papel fundamental para que a São Paulo se tornasse o que é hoje. Entre 1900 e 1940, geradores a vapor da Light passaram a iluminar as ruas, bondes elétricos começaram a circular, avenidas do centro foram alargadas,o projeto do sistema de saneamento e abastecimento de água saiu do papel e a população saltou de 240 000 para 1,3 milhão de habitantes. Preservadas no acervo das companhias responsáveis por essas intervenções, várias fotos da época foram reunidas no livro Transformações Urbanas : São Paulo 1893 - 1940 ( Fundação Energia e Saneamento."Foi ali que a cidade ganhou seu passaporte para se tornar a metrópole", afirma o arquiteto Carlos Lemos, um dos especialistas convidados a participar do projeto para analisar essa fase de imensas mudanças em nossa paisagem.
Elas ficam bem visíveis quando se comparam as imagens antigas e as rescentes, tiradas dos mesmos ângulos.
A ESQUINA DOS QUATRO CANTOS
O cruzamento das Ruas Direita e São Bento ( onde mostra a foto de 1902), foram instalados os trilhos de bonde) era um dos mais charmosos do início do século XX. Por ser a única esquina com ângulos retos no centro, ela se tornou célebre como "Quatro Cantos", apelido que pode ser lido em uma placa no sobrado à esquerda da imagem. À direita ficava a antiga residência de Antônio Prado, o Barão de Iguape ( 1788-1875), em um terreno hoje ocupado por um edifício comercial que leva seu nome.
Em 1912, uma reforma na região pôs abaixo o quarteirão do lado esquerdo, quando surgiu a Praça do Patriarca.
Praça do Patriarca - 2014
MERGULHO NO TIETÊ
Há cerca de um século, a Ponte Grande era o prncipal ponto de travessia sobre o Rio Tiet~e, onde estavam sediados dois clubes então com prestígio - o Tietê e o Espéria. Usado para atividades esportivas, o curso d'água recebeu a Travessia de São Paulo a Nado, entre as décadas de 20 e 40, e regatas de remo, até os anos 70, quando a poluição tornou a prática inviável. Em uma das margens estava instalado um observatório astronômico.
Observatório Astronômico - foto de 1926, construído na antiga chácara de José Vieira Couto de Magalhães ( 1837-1898), ex presidente da província de São Paulo. A construção foi demolida após
a retificação do Tietê, em 1942, quando a Ponte Grande deu lugar à Ponte das Bandeiras, que liga o centro de Santana. Na época foram erguidas duas torres, uma em marge, hoje usadas pela CET para monitorar o trânsito.
Ponte das Bandeiras
O TEMPLO DO DINHEIRO
Em 1891, quando a Avenida Paulista foi aberta, os abandonados da cidade viviam em bairros como Campos Elísios e Higienópolis. "Os casarões se se tornaram comuns por ali depois de 1895, quando a água encanada chegou à região", diz o professor Nestor Goulart Reis Filho da USP. Naquele ano surgiu uma das primeiras residências da avenida, que pertencia ao empresário dinamarquês Adam Ditrik von Büllow ( 1840-1923), um dos acionistas da cervejaria Antártica.
Diversas imagens daquela época foram registradas da torre do palacete, em um dos pontos mais altos da rua. A vista era privilegiada : de um lado, o centro; de outro, o Rio Pinheiros;
Demolida em 1955, a casa abriu espaço para o Edifício Paulicéia, tombado como exemplo da arquitetura modernista.
Nos anos seguintes, a Paulista perdeu seu caráter residencial e passou a abrigar bancos, escritorios e prédios comerciais.
Av. Paulista - 1891
Av. Paulista - 2014
ENTRE BONDES E CARROÇAS
Aberta no fim do século XIX, a Avenida Brigadeiro Luís Antônio homenageia o pai do antigo dono das terra da região, o barão de Limeira ( 1813-1872), e tornou-se uma importante ligação do centro com a Zona Sul. Era por ali que circulava uma das linhas de bonde mais importantes da cidade, a Avenidas, entre o centro e a Paulista.
Na esquina com a Rua Riachuelo ( de onde a foto abaixo foi tirada, em 1900 ) fica atualmente uma das sedes do Ministério Público Estadual. Na década de 60, o terreno descampado ao fundo passou a receber a Avenida 23 de Maio.
Avenida Brigadeiro Luis Antônio - fins século XIX
Avenida Brigadeiro Luis Antônio - 2014
PINHEIROS PRÉ MARGINAL
Originalmente cheio de curvas, o leito do Rio Pinheiros passou por obras para torná-lo reto a partir da década de 30 ( a foto abaixo é de 1936 ).Executadora do projeto, a Light também alargou e inverteu o curso original para reduzir enchentes e aumentar a capacidade de geração de energia.
Unaugurada em 1940, a Usina Elevatória de Traição, surgiu para bombear água do rio até a Represa Billings, que acabou se tornando poluída como consequência disso. A retificação teve sua condução em 1957 e valorizou bairros próximos, como o Alto de Pinheiros.
Marginal Pinheiros - 1936
Marginal Pinheiros - 2014
Ao fundo, Usina Elevatória de Traição.
A Ponte cidade Jardim erguida no mesmo local da foto acima, é de 1951. Construídas nesse per[iodo, as avenidas marginais foram concebidas como rodovias, mas o desenvolvimento da cidade mudou os planos. Ermas há 77 anos, as margens do rio abrigam hoje uma floresta de prédios.