Av. Tiradentes, 676 - Luz - São Paulo
Século XVIII- Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz - óleo sobre tela - Benedito Calixto
Museu de Arte sacra - 2014
Um ambiente cheio de simbolismo, tomado por uma atmosfera espiritual contagiante. Essas são as primeiras impressões que o visitante tem ao entrar no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Inaugurado em 1970, no piso térreo do Mosteiro de Nossa Senhora Imaculada da Conceição da Luz, é um dos mais representativos acervos do patrimônio sacro brasileiro, com cerca de 14 mil itens, dos quais cerca de 20% está em exposição.
A parte mais antiga do complexo foi construída sob orientação de frei Antônio Santana Galvão para abrigar o recolhimento das irmãs concepcionistas, função esta que se mantém até hoje. O acervo do museu começou a ser formado por d.Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo, que a partir de 1907 começou a recolher imagens sacras de igrejas e pequenas capelas de fazendas que sistematicamente eram demolidas. A partir de 1970 o acervo foi significativamente ampliado e hoje compõe um dos cenários sagrados mais belos do mundo.
O minucioso trabalho artístico materializado nas imagens mais populares do catolicismo encantam os olhos mais críticos e emocionam os mais religiosos. As peças, em sua maiorias, feitas a partir de madeira policromada e barro cozido traduzem a beleza e peculiaridade da arte sacra. Visitar o museu é a certeza de vivenciar experiências que alimentam o conhecimento e a alma.
Ourivesaria Sacra
Um dos ambientes mais surpreendentes do museu talvez seja a Ourivesaria Sacra.Não apenas por seu cenário luxuoso, mas pelo que representa. Acervo dos objetos litúrgicos, confeccionados em ouro e prata, o ambiente é suntuoso.
Tal como o ouro, a prata era considerada pelos antigos um metal quase sagrado e de uso restrito. Desde o século XVI a prata é a matéria prima utilizada para a confecção de objetos litúrgicos e peças com as quais se adornam as igrejas. A sua flexibilidade para ser moldada a torna ideal para a confecção de objetos e para fins decorativos.
A prata não era utilizada nos templos apenas como luxo e ostentação. Para os doadores, anônimos ou não, é prata de ação de graças, prata de louvores : louvar os santos mártires, louvar Nossa Senhora, louvar o Senhor. Daí esse empenho de fazer sempre o melhor, o mais belo, o mais rico.
É uma prata de oração.
Casa dos Presépios
O Museu de Arte Sacra reserva ainda uma vertente absolutamente singular, representada nos 130 conjuntos presepistas, oriundos de diversas regiões do Brasil e do exterior.
A cena de nascimento de Jesus é retratada por artistas anônimos e consagrados, como Fúlvio Penachi e mestre Vitalino, em pequenas construções, porém ricas de detalhes. A matéria-prima usada na confecção dos presépios varia de acordo com a região de origem das peças, destacando-se terracota, madeira, metal, palha, cabaça, tecido e isopor, entre outros.
O Presépio Napolitano, do século XVIII, com suas 1.620 peças, das quais 390 são figuras humanas.
Doado por Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccilo Matarazzo, o presépio é um raríssimo exemplar, comparável apenas aos conjuntos expostos no Museu de Nápoles, na Itália, e no Metropolitan Museum, de Nova York.
Além da "Sagrada Família", o conjunto apresenta uma diversidade de personagens ligados ao cotidiano de uma aldeia napolitana do século XVIII, representado por várias profusões urbanas, bem como pastores e homens do campo. Móveis, objetos, utensílios, alimentos e animais integram e dão vida à cena.
O Presépio Napolitano constitui-e num importante testemunho material histórico e antropólogico acerca da sociedade napolitana do século XVIII.
REVISTA DO HISTORIADOR - EDIÇÃO 170
Fotos de Manoel de Brito