A inauguração do Teatro Municipal de São Paulo aconteceu no dia 12 de setembro de 1911, entretanto, a construção do Teatro teve início no ano de 1903. Os quase 8 anos de obras podem ser explicados pela grandiosidade arquitetônica, muitos estudiosos consideraram um empreendimento arrojado para aquela época.
Os responsáveis pela construção do Teatro foram os arquitetos Ramos de Azevedo e os italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi. No Teatro é visível a presença da arquitetura europeia, tanto pela influência dos dois arquitetos europeus quanto pela influência da Belle Époque no cenário artístico, social e cultural brasileiro durante a Primeira República (1889-1930).
A influência europeia perpassou todas as fases da construção do Teatro e foi a grande motivadora do seu projeto. O Teatro sofreu fortes influências da Ópera de Paris e sua arquitetura externa é perpassada por traços renascentistas barrocos do século XVII, o interior do Teatro é composto por colunas neoclássicas, vitrais, mosaicos e muitas obras de arte, bustos, medalhões e bronzes.
A Belle Époque foi um movimento onde perpassou o Realismo, o Impressionismo, o Simbolismo, o Pontilhismo e a Art Nouveau. O movimento da Belle Époque foi iniciado na Europa (França) nos anos de 1880, século XIX, tendo o declínio em 1914 com o início da Primeira Guerra Mundial. Muitos estudiosos desse movimento ressaltam a dificuldade de delimitá-lo temporalmente e espacialmente, sobretudo por suas influências em vários locais do mundo e em períodos que ultrapassaram a delimitação usual, 1914.
No Brasil, a Belle Époque teve seu auge entre os anos 1889 a 1922, perdurando até 1925. A Belle Époque brasileira foi uma ‘verdadeira’ europeização dos hábitos e costumes de uma sociedade, vale ressaltar que as maiores influências deste movimento se deram em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
A população brasileira, das primeiras décadas do século XX, passou por uma intensa reestruturação em seu modo de vida. As cidades, principalmente a capital federal - a cidade do Rio de Janeiro, foram todas remodeladas segundo os padrões europeus, expressões como “O Rio civiliza-se” foram mais correntes após a reestruturação da Avenida Central no Rio de Janeiro. Outro exemplo da influência da Belle Époque foi no carnaval, figuras como os indígenas e os negros foram quase todos banidos em troca das fantasias e máscaras, representadas por personagens europeias como a Colombina, o Pierrô, o Arlequim.
Dentro deste universo cultural da Belle Époque brasileira surgiram as motivações para a construção do Teatro Municipal de São Paulo em 1903, sob influência europeia a obra foi projetada e construída, os espetáculos que predominavam eram todos de origem europeia, a apresentação inaugural foi uma ópera representada pela obra Hamlet do dramaturgo, escritor e poeta inglês Willian Shakespeare.
Alguns escritores brasileiros teciam vultosas críticas aos modos como eram conduzidos os espetáculos no Teatro, muitos brasileiros não tinham espaço para realizar apresentações de seus trabalhos. Entretanto, a situação mudou com a Semana de Arte Moderna de 1922, movimento que teve como característica fundamental valorizar o Brasil e tudo que era produzido por brasileiros, os intelectuais da Semana de Arte Moderna, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Heitor Villa-Lobos entre outros, foram os principais protagonistas de um “olhar para o Brasil”, voltar-se para o interior; a partir deste momento, as influências europeias da Belle Époque iniciou seu período de decadência.
Desde sua inauguração em 1911, o Teatro Municipal de São Paulo já passou por duas reformas, a primeira em 1954 onde criou novos pavimentos para os camarins, reduzindo os camarotes e instalando um órgão. A Segunda reforma durou de 1986 a 1991, todo o prédio foi restaurado e foram instalados equipamentos e estruturas mais modernas.
Antes de seu centenário, em 12 de setembro de 2011, o Teatro Municipal de São Paulo passou por uma última reforma, todo edifício foi restaurado; os vitrais, a fachada, o palco foi reestruturado com os mais modernos equipamentos cênicos mecânicos.
Atualmente, o Teatro Municipal de São Paulo é composto pela Orquestra Sinfônica Municipal, Orquestra Experimental de Repertório, Balé da Cidade de São Paulo, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, Coral Lírico, Coral Paulistano e as Escolas de Dança e de Música de São Paulo e pelo Museu do Teatro, que guarda a história artística e social do Teatro.