sexta-feira, 22 de julho de 2016

Desenhando a cidade de São Paulo antes que acabe


Museu da Casa Brasileira

Endereço: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705 - Jardim Paulistano - São Paulo - SP


 



O museu é especializado em design e arquitetura. Fica em uma mansão da década de 40 e tem um jardim de mais de 6 000 metros quadrados. Do lado de dentro, expõe sua coleção permanente de exemplares do mobiliário dos séculos XVII ao XXI. Na agenda cultural, promove mostras temporárias, debates, palestras, cursos e oficinas ligados à área. A cada 15 dias, às quartas-feiras, o Museu da Casa Brasileira fica aberto para visitação noturna gratuita. Nessas datas, os interessados podem conferir o acervo da instituição e as exposições até as 21h.

MOSTRA | DESENHANDO A CIDADE: ANTES QUE ACABE




 







As construções remanescentes de casas e sobrados, antes típicas da cidade de São Paulo e hoje substituídas por altos edifícios, são reveladas na mostra Antes que acabe, que reúne desenhos do artista plástico e antropólogo João Galera. Inaugurada  no dia 04 de junho, às 11h, a exposição inicia a série Desenhando a cidade, realizada pelo Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.

A série pretende apresentar uma variedade de registros da cidade de São Paulo a partir de diversas expressões de desenhos feitos por artistas, arquitetos e designers, que observam e analisam a cidade e a representam através de desenhos, ilustrações e outras composições. “Nossa ideia no Museu é oferecer ao público uma diversidade expressiva de diferentes aproximações e leituras da cidade, ampliando o repertório de registros sobre a rica complexidade urbana de São Paulo. Há muitos trabalhos bons nesse sentido, como os desenhos da Carla Caffé, Juliana Russo, Paulo Von Poser, entre tantos outros”, comenta o diretor técnico do MCB, Giancarlo Latorraca. Os desenhos de João Galera, em nanquim sobre papel, resgatam iconograficamente as casas como o símbolo da resistência paulistana contra transformações da cidade ocorridas com a chegada dos prédios e das novas dinâmicas urbanas.

Tipologia, materiais e estilo variam conforme a época de construção das casas, o bairro, as condições sociais e também os moradores, que transformam sua moradia, criando identidades muitas vezes únicas.

É pelo registro das fachadas das casas que João Galera explora as evidências da vida privada nelas contida, observando elementos sutis como um vaso, uma planta, uma janela entreaberta ou outros detalhes do cotidiano. Aspectos construtivos típicos, como as janelas voltadas para a rua, a geometria de arcos na entrada, colunas pequenas, grades, chão de cacos vermelhos, reforçam o caráter de elemento cultural outrora usual na cidade, como um registro individual de seus moradores, marcas que se extinguem no anonimato dos grandes conjuntos edificados pela especulação imobiliária. Nesse sentido, a sobrevivência da imagem dessas casas ganha um caráter de resistência e de preservação da memória.

Sobre o artistaCom formação em antropologia, o artista plástico João Galera explora o desenho, a pintura, a colagem e a costura. Nascido no Paraná, intensificou seu trabalho artístico no México, quando fazia doutorado em Antropologia de Iberoamérica e estudava a comunidade indígena Sicuicho. João começou a desenhá-los, e foi chamado para fazer o mural de uma pré-escola. Participou de exposições coletivas e individuais no Brasil, Estados Unidos e México.